Após 21 anos, família de ciganos vai a júri popular por assassinatos em Itapajé, Interior do Ceará
Pai, mãe e filho, que passaram 17 anos foragidos, colaboraram com outro cigano no assassinato de duas pessoas e na tentativa de outro homicídio
Começa nesta terça-feira (26) o júri popular da família de ciganos que matou duas pessoas e deixou outra tetraplégica em Itapajé no ano 2000. Segundo o Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE), a Comarca do Município ouvirá os réus e testemunhas por videoconferência, em julgamento que deve durar dois dias.
Os acusados são Francisco Augusto Costa, o Alfredo Cigano, Maria Ziulan da Costa, a Cigana, e Francisco Gleyson Costa, o Gleissinho. Trio ficou foragido por 17 anos, até ser preso em 2017.
O Tribunal do Júri será presidido pela juíza Juliana Porto Sales. A magistrada já condenou um quarto envolvido nos assassinatos em 2017. Flávio Cigano foi condenado a 23 anos e quatro meses de prisão em regime fechado.
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O pronunciamento dos réus foi dado em 2018. Conforme a determinação da juíza titular da 1ª Vara da Comarca de Itapajé, "diante da prova da materialidade do crime e indícios de autoria, deve a denúncia ser admitida e, por conseguinte, os réus pronunciados".
Relembre o caso
As mortes e a tentativa de homicídio aconteceram em 29 de julho de 2000 próximas a um bar em Itapajé. Uma mulher teria sentado em cima do carro de uma das vítimas, que não gostou e foi ofendida pelo trio de ciganos.
Em meio à briga, o dono do veículo e dois amigos foram baleados por Flávio Cigano, que contou com o apoio de Alfredo Cigano, Cigana e Gleissinho.
As vítimas foram Carlos César Barroso Magalhães, que tinha 22 anos, e José Wilson Barroso Forte Júnior, à época com 27. O terceiro baleado, Maxwell Magalhães Caetano, com 23 anos na ocasião, sobreviveu, mas ficou tetraplégico.
O caso ganhou repercussão nacional e chegou a ser simulado em 2001 no programa "Linha Direta", da TV Globo, que conversou com testemunhas e as famílias das vítimas.
Prisão dos ciganos
Flávio Cigano foi o primeiro preso, ainda no ano 2000, meses após o crime. Já Alfredo Cigano, Cigana e Gleissinho empreenderam uma fuga que durou 17 anos.
No dia em que foram localizados, os ciganos disseram não esperar mais por uma incursão policial. Eles teriam confessado as duas mortes e entregaram uma arma municiada, que mantinham no local onde moravam.
O trio foi preso no Distrito de Anajá, na Zona Rural do município cearense de Canindé, durante diligências da "Operação Contra o Tempo".
O nome da ofensiva fazia menção ao pouco tempo que restava aos investigadores para elucidarem o crime, que prescreveria em três anos.