Advogados de PMs réus da Chacina do Curió pedem investigação de policiais civis: 'desfazer injustiças'

Um integrante da equipe de defesa citou que houve "corporativismo criminoso" de delegadas da Polícia Civil

Escrito por Matheus Facundo e Emanoela Campelo de Melo ,
júri da chacina do curió
Legenda: Julgamento de 8 PMs por participação na chacina está em sua fase de debates entre acusação e defesa
Foto: Nadson Fernandes/TJCE

Em continuidade à fase de debates orais entre acusação e defesa no segundo julgamento da Chacina do Curió, os advogados que defendem os oito policiais militares (PMs) réus foram unânimes na tarde desta sexta-feira (5) ao reivindicarem que policiais civis sejam investigados. Eles pontuaram que "testemunhas indicam terem visto viaturas da Polícia Civil no local". 

Nesta manhã, foi a vez da acusação, feita pelo Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), falar nos debates. "Não haveria Chacina do Curió se não fosse a omissão dos policiais militares de serviços", disse a promotora do caso.

“O processo salva esses rapazes, as provas salvam esses rapazes. Na hora de darem o veredito, que Deus os iluminem. Em sete dias a defesa conseguiu desfazer sete anos de injustiça. O que nós clamamos não é por impunidade, é por Justiça. Condenando quem realmente fez, quem realmente se omitiu”, defendeu Waldir Medeiros, da equipe de defesa da viatura RD 1072, onde estavam os PMs Thiago Aurélio de Souza Augusto e Ronaldo de Silva Lima. 

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Os debates findaram às 17h18. As defesas solicitam absolvição dos réus por negativa de autoria e por insuficiência de provas, sustentando que as viaturas não estavam atuando nos crimes. Após o fim das teses da defesa, o MPCE, que faz acusação, decidiu não dar réplica. O julgamento seguirá para a leitura dos quesitos 

'Corporativismo criminoso', sugere advogado 

Sobre a não investigação de policiais civis, o advogado Walmir Medeiros sugere que houve "corporativismo criminoso" por parte da Polícia Civil. Ele cita que delegadas da Delegacia de Assuntos e Internos (DAI) e da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) "foram infelizes". 

Durante os debates, as defesas seguiram pontuando que os crimes imputados aos 8 PMs réus são "absurdos" e afirmaram que “a sociedade não precisa desse tipo de justiciamento. Há elementos fortes, evidentes, de por na cadeia quem fez isso”. 

Segundo eles, os reais autores da Chacina do Curió "estão aí fora, impunes": “os meninos da [viatura] RD 1307 eram apenas meninos. Josiel com um ano de Polícia. Eles estavam fardados, de cara limpa, em viatura com placa… Como, meu Deus, eles poderiam fazer um plano de uma hora para a outra?”.

A viatura 1307 era composta pelos policiais Gerson Vitoriano Carvalho, Thiago Veríssimo Andrade Batista de Carvalho e Josiel Silveira Gomes. 

A equipe que defende os PMs da viatura RD 1069, na qual se encontravam os PMs José Haroldo Uchoa Gomes, sargento comandante da viatura) e Gaudioso Menezes de Mattos Brito Goes, que conduzia o veículo, afirmou que o carro não estava nem na região do Curió: “Uma viatura que estava a 4,5 km do local do fato, é justo culpar? Não tinham condições físicas de intervir e não foram acionados”. 

Apelo aos jurados 

Durante os debates, um vídeo, inclusive, da filha do PM Ronald foi exibido aos jurados, onde a menina "pedia a Deus que o papai fosse com ela para a terapia". 

Segundo Walmir Medeiros, "não descobrir os nomes dos verdadeiros culpados não foi acaso, foi projeto”.

O advogado chegou a se dirigir aos jurados pelo nome e disse que: "quem vai botar a cabeça no travesseiro, dormir, sabendo se fez a coisa certa ou coisa errada, são vossas excelências [se referindo ao júri]. Façam Justiça e votem pela absolvição dos réus”, defendeu o advogado. 

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