Faltam 93% de assinaturas para criar novo partido de Bolsonaro

Após deixar o PSL em novembro, o presidente anunciou o plano de fundar o Aliança pelo Brasil. São necessários quase 500 mil assinaturas registradas em cartório, mas até o momento só 35 mil adesões (7%) concluíram essa fase

Escrito por Redação , politica@svm.com.br
Legenda: Bolsonaro vê chance de 1% em registrar sigla a tempo de disputar pleito em 2020
Foto: Foto: PR

O Aliança pelo Brasil, partido que o presidente Jair Bolsonaro quer criar, já recebeu 104 mil adesões para a formação da legenda, mas o número de eleitores que oficializaram o apoio junto à Justiça Eleitoral pode ser menor. A expectativa é de que somente um terço tenha encaminhado a ficha de apoio a um cartório. As adesões registradas até agora, segundo o Aliança, equivalem à quantidade de apoiadores que imprimiu um formulário diretamente no site do partido. Pelos dados da legenda, esses apoiadores estão representados em 12 das 27 unidades da federação.

Desde 20 de dezembro último, o site do Aliança registrou 186.930 interessados em assinar a ficha de criação da sigla. Desses, 104.433 concluíram o processo eletrônico e chegaram a imprimir o formulário. Mas eles ainda precisam entregar o documento em um cartório eleitoral para que o ato tenha validade. A expectativa do publicitário Sérgio Lima, responsável pelas ações de marketing do partido, é de que pelo menos 35 mil já tenham deixado a ficha em um cartório, número distante do necessário: quase 500 mil. Ou seja, faltam 93% desse total

Para valer na Justiça Eleitoral, as assinaturas dos apoiadores devem ser protocoladas em um cartório eleitoral e aprovadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A orientação do Aliança é para que esses apoiadores autentiquem as fichas em um cartório de registro civil antes de levarem ao cartório eleitoral. Esse procedimento, segundo o vice-presidente nacional do Aliança, Luís Felipe Belmonte, é para evitar que as assinaturas sejam invalidadas pela Justiça Eleitoral.

As fichas de apoio do Aliança estão sendo coletadas pelo método tradicional (de impressão de formulários de papel). Para assinar, os apoiadores entram no site, preenchem os dados com nome completo, número de título de eleitor e região e imprimem um formulário, que precisa ser entregue em um cartório eleitoral. Dos 104.433 apoiadores até o momento, 77.520 são homens (74,2%) e 26.913 são mulheres (25,8%).

Além da coleta de assinaturas pelo método físico, a legenda aguarda uma decisão do TSE para saber se também poderá recolher apoios por meio de dados biométricos.

"O método preferencial para coleta de assinaturas, no entender da Aliança, é o desenvolvimento de aplicativo móvel para celular que permita coletar as informações biométricas dos eleitores, as quais serão repassadas à Justiça Eleitoral para que esta proceda à checagem eletrônica dos dados", diz a petição do Aliança ao TSE.

Prazo

Vice-presidente nacional do Aliança, Belmonte espera recolher as 492 mil assinaturas necessárias para a criação da sigla até o fim do mês. Ele diz preferir não revelar os 12 estados que já registraram apoiadores para não atrapalhar a estratégia de coleta. Ele alega, porém, que São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília se destacaram nesses primeiros dias.

"Queremos ainda no mês de janeiro trabalhar para adquirir as assinaturas necessárias para quando o TSE voltar do recesso, todas já estarem certificadas", disse Belmonte.

Para participar das eleições municipais deste ano, o Aliança precisa que as assinaturas sejam validadas pelo tribunal eleitoral até abril.

O próprio presidente Jair Bolsonaro disse que não iria se iludir com a criação da legenda dentro desse prazo e considerou ter apenas 1% de chance de o partido ser criado a tempo das eleições municipais. "É muito difícil. Não vou me iludir. A chance é 1%", afirmou o presidente.

Os 104.433 apoiadores registrados até o momento pelo site do Aliança equivalem a apenas 1,86% dos 5,6 milhões de seguidores que Bolsonaro tem só no Twitter. O presidente decidiu criar uma nova legenda em novembro após travar uma guerra com o presidente nacional do PSL, deputado federal Luciano Bivar (PE). Na ocasião, Bolsonaro chegou a pedir a um apoiador para apagar um vídeo em que citava Bivar, porque ele estaria "queimado para caramba".

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.