Bolsonaro exonera Maurício Valeixo do cargo de diretor-geral da Polícia Federal

O decreto oficializando a mudança foi publicado nesta sexta-feira (24), no Diário Oficial da União (DOU)

Escrito por Estadão Conteudo ,
Legenda: A exoneração de Maurício Valeixo foi publicada nesta sexta-feira (24) no Diário Oficial da União (DOU)

O presidente Jair Bolsonaro formalizou a exoneração de Maurício Valeixo do cargo de diretor-geral da Polícia Federal. O decreto oficializando a mudança, que foi publicado nesta sexta-feira (24) no Diário Oficial da União (DOU), vem assinado tanto pelo presidente quanto pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, a cuja pasta a PF é subordinada.

No decreto, consta que a exoneração ocorreu "a pedido".

Ontem, ao ser comunicado por Bolsonaro sobre a decisão, Moro avisou que deixaria o governo e afirmou que não poderia aceitar mudanças na chefia da instituição.

Antes da publicação no DOU, interlocutores do Palácio do Planalto, chegaram a falar em um recuo temporário do presidente, após uma ofensiva da cúpula militar do Governo.

Desgaste entre Bolsonaro e Moro por saída de Valeixo começou ano passado

Legenda: No ano passado, após Bolsonaro antecipar a saída do superintendente da PF no Rio, ministro e presidente travaram uma queda de braço pelo comando do órgão
Foto: Antonio Cruz/ Ag. Brasil

Valeixo foi escolhido por Moro para o cargo ainda na transição, em 2018. O delegado comandou a Diretoria de Combate do Crime Organizado (Dicor) da PF e foi Superintendente da corporação no Paraná, responsável pela Lava Jato, até ser convidado pelo ministro, ex-juiz da Operação, para assumir a diretoria-geral.

Embora a indicação para o comando da PF seja uma atribuição do presidente, tradicionalmente é o ministro da Justiça quem escolhe.

Interlocutores de Valeixo dizem que a tentativa de substituí-lo ocorria desde o início do ano, mas que não teria relação com o que aconteceu no ano passado, quando Bolsonaro tentou pela primeira vez trocá-lo por outro nome. Na ocasião, o presidente teve que recuar diante da repercussão negativa que a interferência no órgão de investigação poderia gerar.

No ano passado, após Bolsonaro antecipar a saída do superintendente da corporação no Rio de Janeiro, ministro e presidente travaram uma queda de braço pelo comando da PF.

Em agosto, o presidente antecipou o anúncio da saída de Ricardo Saadi do cargo, justificando que seria uma mudança por "produtividade" e que haveria "problemas" na superintendência. A declaração surpreendeu a cúpula da PF que, horas depois, em nota contradisse o presidente ao afirmar que a substituição já estava planejada e não tinha "qualquer relação com desempenho".

Nos dias seguintes, Bolsonaro subiu o tom. Declarou que "quem manda é ele" e que, se quisesse, poderia trocar o diretor-geral da PF.

 

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