Janeiro Branco e o recomeço
Nunca vivemos tão intensamente a experiência de fechar e iniciar novos ciclos, seja por escolha própria ou por situações inesperadas em que tivemos que enfrentar nossas resistências e lidar com processos mais íntimos. Nessa caminhada, fomos atravessados por dores, lutos, medos, angústias e a saúde emocional sinalizando suas reais necessidades de cuidado. São quase dois anos convivendo com um vírus que nos ameaça, impactando a vida de todos. Fomos testemunhas de algo gigante. Uma forte mudança forçada, que, talvez, ainda nem tomamos consciência do tamanho de tudo isso e nem de seus efeitos sobre nós.
Saímos do olho do furacão, deixamos o sentimento de desesperança ir. Fortalecemos o otimismo e a fé de que tudo está terminando. O sentimento de impotência já não tem mais tanta força. Nosso organismo tem a capacidade de se autorregular e buscar o crescimento. Resilientes, após digerir muitos lutos, conseguimos ressignificar nossas experiências e compreender quais são as nossas necessidades agora. Janeiro é um mês que geralmente as pessoas estão mais presentes e focadas em suas metas pessoais, reflexões e resoluções de questões inacabadas do passado e, por isso, foi escolhido para chamar a atenção das pessoas para a saúde mental com a importante campanha do Janeiro Branco.
Nossas vidas nunca mais serão as mesmas, é verdade, mas espero que você, leitor, esteja bem e que entenda que não estamos aqui para estar sozinhos com nossas lutas. Busque uma rede de apoio, procure um profissional, ajude a si mesmo. Neste período de recomeço, conecte-se com Deus ou com a fé que acredita, por meio da oração ou da meditação. Aproxime-se da espiritualidade, independente de seguir alguma religião. Enfim, são muitos os caminhos e formas de se autoconhecer. Estamos aqui para crescer e para encontrar o nosso equilíbrio. A vida não é permanente. Ela exige movimento. Tudo passa e enquanto passa, vamos reconhecendo os nossos limites, avaliando nossos recursos, repertórios e buscando nos adaptar e perseverar com os nossos sonhos. Que em 2022 possamos ser e não apenas existir.
Thalita de Oliveira é psicóloga