Continuamos a abrir bares antes que escolas

Se continuamos a abrir bares, comércio e restaurantes primeiro que escolas é porque nem o governo e nem a sociedade consideram a atividade como essencial.

Escrito por Carol Mapurunga , carolmapurunga@gmail.com

Apesar do surpreendente número de mais de 400 dias de suspensão das aulas presenciais, as escolas públicas e as turmas de ensino médio de escolas particulares cearenses continuam de portas fechadas.

Diversos estudos científicos nacionais e internacionais já evidenciaram que a abertura de escolas com protocolos é segura para professores, funcionários, alunos e diretores de escolas. Se, no entanto, continuamos a abrir bares, comércio e restaurantes primeiro que escolas é porque nem o governo e nem a sociedade consideram a atividade como essencial.

Há fortes consequências para a sociedade quando se opta por priorizar a abertura econômica e não a de escolas. Entre elas, o aumento brutal da fome, da violência doméstica, do trabalho infantil, da criminalidade, do uso de drogas e de casos de depressão e suicídio juvenil.

Segundo estudo realizado pelo Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas (Unicef), o Ceará registrou 135.069 de crianças e adolescentes entre seis e 17 anos de idade fora da escola no ano de 2020. O número cresceu 170% se comparado ao ano anterior. São dados alarmantes que só evidenciam o antigo problema de evasão escolar e que foi acentuado com a pandemia.

É também fundamental acelerar a vacinação dos profissionais da Educação, porém jamais condicioná-la à volta das aulas presenciais. Na maioria dos países do mundo, mesmo em regiões pobres da África e Ásia, as escolas reabriram o ano passado e bem antes do surgimento da vacina. Além disso, outra problemática é a acessibilidade digital.

De acordo com a Unicef e a União dos dirigentes municipais da educação (Undime) identificou-se que cerca de 48,7% das redes municipais no Nordeste relataram muita dificuldade dos estudantes no acesso à internet para as atividades remotas.

Fica evidente, portanto, que a educação pública e a aprendizagem dos jovens cearenses estão sendo dramaticamente afetados e que o Coronavírus só intensificou antigos problemas na educação básica e aumentou de forma drástica seu abismo social.

Carol Mapurunga

Publicitária, professora universitária, doutoranda, mãe e uma das líderes do Movimento Escolas Abertas

 

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