Alternativas para um melhor sistema de saúde

Escrito por Dr. Álvaro Madeira Neto ,
Dr. Álvaro Madeira Neto é médico, gestor em saúde, com especialização em Gestão em Saúde pelo Hospital Albert Einstein, e mestrando em Gestão em Saúde pela Fundação Getúlio Vargas em São Paulo
Legenda: Dr. Álvaro Madeira Neto é médico, gestor em saúde, com especialização em Gestão em Saúde pelo Hospital Albert Einstein, e mestrando em Gestão em Saúde pela Fundação Getúlio Vargas em São Paulo

Reconhecer as alternativas sustentáveis para um melhor cuidado em saúde, bem como para melhores desfechos, é um grande desafio para o gestor em saúde. Melhorar o cuidado em saúde vai muito além do momento em que o indivíduo se torna paciente e busca então, atendimento em um serviço de saúde. Ou seja, quando se pensa em saúde da população, o raciocínio deve-se dar na direção também da população saudável. Portanto, o caminho pelo melhor cuidado é o da estruturação de esforços integrados e que atuem ao longo de toda a jornada de vida do indivíduo.

Vivemos hoje imersos em um sistema de saúde completamente fragmentado e reativo. O panorama da saúde suplementar brasileira é bastante exemplificativo deste sistema. Em publicação realizada pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar intitulada “Análise Assistencial de Saúde Suplementar no Brasil entre 2014 e 2019”, evidenciou que, neste período, o número de procedimentos de assistência médico hospitalar aumentou em 19,6% em valores absolutos e 28,1% de procedimentos por benificiários.

Em termos financeiros, as despesas com assistência em saúde aumentaram de R$105 bilhões para R$ 179 bilhões, portanto um aumento de 70,8%. Ainda analisando dados desta publicação, observa-se que no mesmo intervalo de tempo, houve queda de 12,1% e de 10,3% no número realizações de radiografias e de procedimento diagnóstico em citopatologia cérvico-vaginal oncótica em mulheres de 25 a 59 anos respectivamente. 

Por outro lado, verifica-se um aumento de 44,1% e de 29,1% de exames de ressonância magnética e tomografia computadorizada. Em 2019, o Brasil realizou 179 ressonâncias magnética por cada 1.000 indivíduos, enquanto no Canadá, foram realizadas 52 e na Austrália 48 por cada 1.000 indivíduos.

Quando se observa o aumento indiscrimado de realização de exames diagnóstico caríssimos, sem que as indicações se deem baseadas em evidencias científicas e se assiste ao aumento de cirurgias de risco, como a cirurgia bariátrica em detrimento de investimento em ações que gerem mudança de hábitos de vida ao longo da jornada do indivíduo, fica clara a fragmentação e o padrão de reatividade e não de prevenção, do cuidado em saúde no Brasil. Precisamos mudar a direção de nossa cultura de gestão em saúde.

Dr. Álvaro Madeira Neto é médico e gestor em Saúde 

Consultor pedagógico
Davi Marreiro
16 de Abril de 2024