Ressignificando o Luxo: A exaltação do patrimônio artesanal na moda
Escrito por
Thaty Rabello
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Seria possível uma peça de roupa transcender o tempo? Quando fruto de um trabalho artesanal, a resposta é sim! O cenário da moda global vive uma transformação única, onde o luxo está sendo ressignificado. Grifes renomadas, com produções em larga escala e preços elevados, têm perdido espaço para peças feitas à mão – criações exclusivas e cuidadosamente elaboradas por artesãos comprometidos com a tradição. Esse movimento reflete a valorização da riqueza cultural e a busca crescente do consumidor por autenticidade e qualidade, valores que a produção em massa negligencia.
O fazer à mão está diretamente ligado à exaltação da riqueza da nossa herança cultural, e ao resgate das nossas raízes ancestrais, mas quando nos referimos à moda brasileira, notamos que a valorização do handmade sempre sofreu uma recusa. A alta qualidade da renda francesa, o couro artesanal italiano, o corte impecável inglês, essas e demais técnicas artesanais são ovacionados e referenciados no cenário da moda global e recebem o reconhecimento merecido, mas porque no Brasil ainda vivemos presos a uma visão arcaica e estereotipada?
No nosso país, a moda handmade ainda enfrenta preconceitos e estigmas históricos. Técnicas como crochê, bordado e renda de bilro, enraizadas na nossa pluralidade cultural, frequentemente não recebem o reconhecimento que merecem. Mesmo assim, essas técnicas conectam gerações, preservam raízes e promovem identidade por meio da criatividade.
As raízes de cada artesão e designer, que estão por trás das criações, são determinantes na autenticidade do feito à mão. Expressar vivências, regionalidade e representatividade torna o trabalho artesanal um movimento autoral, que promove identidade e valorização histórica, exalando criatividade e conectando passado e presente. A moda artesanal é autoral, sustentável e inovadora, crescendo à medida que o consumidor reconhece seu valor, entrelaçando tradição e inovação.
Em um mundo tecnológico e industrializado, o feito à mão é símbolo de propósito e pertencimento. Precisamos reinterpretar o conceito de luxo e reconhecer que o futuro da moda é artesanal!
Thaty Rabello é empresária e diretora criativa da TR Brand