Projeto doa mais de 500 cestas básicas na área do Grande Bom Jardim

A iniciativa "Bom Jardim na Luta" começou seus trabalhos no início da pandemia do novo coronavírus e ajuda famílias em situação de vulnerabilidade residentes no Grande Bom Jardim, em Fortaleza

Escrito por Redação , metro@svm.com.br

Tentar amenizar os efeitos de uma pandemia, em um ambiente com um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) da Capital, é um desafio e tanto, e é exatamente o que o projeto "Bom Jardim na Luta" vem tentando fazer com algumas famílias moradoras da área do Grande Bom Jardim. No bairro, já foram confirmados 612 casos da doença, dos quais 63 evoluíram para óbito, segundo o último boletim epidemiológico da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Fortaleza.

O grupo iniciou suas articulações por um grupo de amigos em uma rede social, no dia 25 de março, logo no início do período de isolamento social decretado no Ceará, e desde então não parou. "Somos amigos que já fazem trabalhos aqui no Bom Jardim, já trabalhamos em equipamentos culturais e educacionais do bairro, resolvemos nos articular, divulgando nas redes sociais e foi gerando uma rede de solidariedade dentro do bairro", conta Eduardo Marques, educador social do Centro de Defesa da Vida Herbert de Souza (CDVHS) e voluntário e articulador da campanha Bom Jardim na Luta.

500 famílias

Durante a pandemia, a campanha já chegou a mais de 500 famílias por toda a área do Bom Jardim, e o que iniciou com o pensamento de que seria por pouco tempo, hoje, já dura quatro meses. "A gente não imaginou que seria mais de quatro meses de campanha, mas como percebemos que a pandemia estava exigindo da gente mais esforço para chegar nas famílias mais carentes, começamos a soltar nossas contas e telefones nas redes sociais e o número de pessoas querendo ajudar foi crescendo", relembra.

"A gente conseguiu arrecadar uma boa grana, no início, que transformamos em cestas básicas. Também arrecadamos frutas e material de higiene, tudo com ajuda dos nossos parceiros e amigos. Mas agora que as pessoas já estão com falso sentimento que a pandemia está passando, então as doações começam a diminuir, apesar de ainda ter muita pessoas doando".

No bairro onde falta saneamento básico, políticas públicas e seus moradores são marginalizados na sociedade, a grande preocupação do projeto é que, além da doação, aquela cesta básica também consiga conscientizar sobre os perigos do novo coronavírus, principalmente na periferia, que sua grande maioria depende das unidades de saúde públicas.

A região do Grande Bom Jardim, que comporta cinco bairros da Regional V, já soma 276 óbitos pelo novo coronavírus. "A nossa preocupação é justamente de 'será que essas pessoas que ajudamos estão se cuidando? Estão ficando em casa?', mas ao mesmo tempo a gente consegue entender que não é fácil para as pessoas que moram nesses territórios realizarem todos os protocolos de segurança", aponta o educador.

Higienização

Em suas ações, o grupo aborda a questão da prevenção ao vírus, além de também fazer entrega de kits de higiene contendo álcool em gel e máscaras. "Não podemos passar muito tempo com eles, conscientizando, por conta do momento, mas sempre fazemos uma fala breve. Pedimos para não sair de casa e que qualquer coisa, ligue pra gente, que chegamos junto", afirma Eduardo Marques.

O grupo que começou achando que prestaria auxílio aos vizinhos por pouco mais de um mês, hoje acumula sentimentos de gratidão. Em um vídeo postado nas redes sociais do projeto, um morador que foi ajudado afirma que "essa benção que estamos recebendo, esses alimentos, foram mandados por Deus, porque estou há mais de dois meses parado". Já outra moradora diz-se grata pela ajuda e afirma que "isso me dá vontade de chorar".

Eduardo também é movido por esse sentimento de gratidão e de solidariedade. "Eu fico muito grato por todos que estão nessa articulação, porque é um processo de luta que a gente vem travando aqui no Bom Jardim, que é um processo importante para a transformação do bairro, e acabar com essa ideia que no Bom Jardim só tem coisa ruim, porque também tem muitas pessoas boas. É um sentimento de gratidão por estarmos sempre ajudando um ao outro", conclui.

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.