O renascimento da nossa cidade

Escrito por Sérgio Ripardo , sergio.ripardo@svm.com.br
Legenda: Quando os ventos soprarem forte, eles vão espantar a peste e trazer nossa cidade de volta
Foto: FOTO: GUSTAVO PELLIZZON

Cansei, ó, desse tal de "lockdown". Bateu saudade dos dias de praia, sol e caranguejo. Ainda falta um tempo para o reencontro com o mar. Quando chegam os ventos para espantar a peste? Quero ter minha cidade de volta. Que renasça com uma festa daquelas: com todos os festivais de música, de teatro, de cinema, de moda, de circo, de dança truando na mesma noite. Orra diacho!

Imagine acordar e correr para ver o mar e um campeonato de surf ou kite. Coronavírus na água? Nada resiste à força das ondas da Praia do Futuro. No máximo, os estacionamentos da praia terão de respeitar a distância segura entre os carros. Teremos de andar com álcool em gel para limpar a bola de vôlei, o frescobol, as pranchas. Ok, segue o jogo.

Mas não pode ter beijo entre os atores nos teatros! É perigoso. Ora, faz teatro de mamulengo que é mais seguro.

Como será o forró sem o "bate coxa"? Arrocha o nó. Faz marmota: põe bonecos e bonecas de pano para quem quiser dançar com mais segurança. O show tem de continuar.

Nesse dia, quero calçadão novo na Praia dos Crush, novos patins, novos skates, novos carrinhos. O Dragão tem de voltar a ser esse caldeirão vivo de tudo que somos.

No Centro, vou dar um pulo no Museu do Ceará. Preciso matar a saudade do Bode Ioiô. E a nova praça José de Alencar? E a nova praça do Ferreira? Quero ver alegria na praça da Bandeira, com feirinhas, barracas de culinária afetiva, engolidores de fogo e malabaristas se exibindo nos sinais.

A vida se prepara, em sonho, para retomar o seu rumo. Quando esse momento chegar, não podemos ter medo de voltar a ocupar as ruas. Nem ser relapsos com a própria saúde e a do próximo.

O "novo normal" vai impor cuidados, sacrifícios, adaptações. As artes vão nos ajudar a recriar nosso ambiente.

Nos muros, quero contemplar novos grafites. Até no alto das antigas Caixas d'Água. Andar pela Cidade da Criança, ver o riacho Pajeú - sinto falta de perambular pelo Centro.

Na Vila do Mar, não vejo a hora de ver jangada chegar na praia e comprar o peixe fresco, ver a agilidade da peixeira limpando o almoço. Imaginar como será minha Fortaleza depois desse tal de "lockdown" faz o tempo passar. O tédio de hoje um dia vai virar êxtase.

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