'Não adianta tirar água da atividade econômica e deixar as pessoas sem emprego', diz secretário

Questionado se o setor produtivo entrará no racionamento de água da RMF, Francisco Teixeira disse que governo busca equilíbrio e que indústrias já fazem o reúso

Escrito por Áquila Leite ,
O Secretário de Recursos Hídricos do Estado do Ceará (SRH), Francisco Teixeira, afirmou nesta quarta-feira (22), em sessão na Assembleia Legislativa, que não há previsão de o setor produtivo também entrar no racionamento de água anunciado para Fortaleza e Região Metropolitana, que deve começar no próximo mês de agosto. Questionado pelo deputado estadual Renato Roseno (Psol) se a atividade econômica também teria seu uso de água restrito, assim como os moradores da Capital cearense, Teixeira afirmou que "não adianta tirar água da atividade econômica e deixar as pessoas sem emprego".
 
"Nós queremos um equilíbrio, com as empresas tendo água para produzir e as pessoas tendo água para beber.  A atividade econômica, hoje, já é a mais prejudicada com a falta de água, principalmente na produção rural. Como posso penalizar ainda mais a atividade agrícola?", rebateu o secretário. Ele lembrou também que as grandes indústrias já promovem um elevado reúso da água. "O setor industrial tem o que há de mais moderno para o uso consciente da água. A CSP (Companhia Siderúrgica do Pecém), por exemplo, desenvolve um trabalho sólido para reaproveitar este recurso, além de gerar milhares de empregos. As térmicas, por sua vez, já estudam a possibilidade de utilizar água do mar em sua produção. Estamos buscando alternativas", complementou Francisco Teixeira.
 
A declaração ocorre após informações concedidas pelo próprio secretário, nesta terça-feira (21), de que os moradores de Fortaleza e RMF terão que fazer racionamento de água, com o objetivo de gerar uma economia de 20% e garantir o abastecimento até março do ano que vem. A Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), aliás, iniciará em agosto um plano para restringir o uso da água na Capital, que terá sua rede dividida entre leste e oeste. Conforme o plano, em um dia, uma das regiões terá menos pressão nas torneiras, enquanto que, 24 horas depois, será a vez do outro lado da cidade.
 
Dessalinização
 
Ainda durante a sessão na Assembleia, Teixeira lembrou que o Ceará tem mantido conversas frequentes com uma empresa espanhola para instalar uma usina de dessalinização no Pecém. "Estamos tentando encontrar empresários que apostem na ideia", ressaltou. Além disso, ele lembrou que a Cagece também está avançando no plano de reúso da água, algo que também precisa de investidores para acontecer. "Temos tomado uma série de ações para garantir o abastecimento no futuro. Já até contratamos uma consultoria do Banco Mundial para, no médio ou longo prazo, adensar nossas adutoras. Precisamos colocar a água nos canos", disse.
 
Francisco Teixeira lembrou, inclusive, que já foram construídos 800 quilômetros (km) de adutoras de montagem rápida no Ceará, algo que tem salvado muitos municípios do colapso. "Queremos construir mais 216 km neste ano, mas precisamos do aporte do governo federal. Cidades como Pedra Branca e Boa Viagem, por exemplo, já estariam em colapso se não fossem as adutoras", lembrou. Conforme diz, além das adutoras e do plano para restringir o consumo de água em Fortaleza, o governo também tem apostado na perfuração de poços, operações com carros-pipa,  campanhas para o uso consciente de água, maior fiscalização e aplicação de multas, além de tentar desenvolver a irrigação por gotejamento para enfrentar o quinto ano de seca que atinge o Estado. 
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