Covid-19: após três meses de pandemia, pessoas em situação de rua seguem expostas

Segundo a SDHDS, foram entregues dois galpões de higiene, que atendem diariamente, em média, 100 pessoas. Ações referentes a alimentação e conscientização sobre o novo coronavírus são realizadas diariamente, junto a essa população

Escrito por Redação ,
Legenda: Pessoas em situação de rua recebem ajuda de ONGs e projetos sociais
Foto: Divulgação

A pandemia do novo coronavírus que atinge todo o mundo e já fez mais de cinco mil vítimas fatais no Ceará, tem atingido duramente a população. Uma parcela mais vulnerável dos cearenses, as pessoas em situação de rua, têm sofrido ainda mais durante esses três meses de distanciamento social. 

Completamente expostos ao contágio do novo coronavírus, as pessoas em situação de rua enfrentam cada vez mais desafios para sobreviver a esses três meses, em meio à crise sanitária. "Três meses nesse sofrimento [da pandemia] e a situação dos moradores que têm sofrido bastante", conta Marcelo Meneses, diretor do coletivo Fortaleza Invisível, que trabalha diariamente com essa parcela da população. “O sofrimento, ele existe, porque eles estão expostos, na rua não existe quarentena”, completa. 

Para Fernanda Gonçalves, coordenadora da Pastoral do Povo da Rua (PPR), apesar de iniciativas como o aluguel social, que atende a população em vulnerabilidade, ainda assim, a exposição é uma realidade da maior parte desse grupo. “A  Prefeitura, hoje, a Pastoral e o Foro da Rua acompanham 315 pessoas de rua, que estão no aluguel social. Mas essas ofertas de moradia, de ter um espaço, não têm cobertura total para todos aqueles que fazem hoje parte do quadro e do grupo social da rua”, pontua. 

A falta de possibilidade de seguir um isolamento social e o aumento da população de rua, torna o cenário mais propício para a disseminação do novo coronavírus nesta população mais carente. Fortaleza, epicentro do contágio no Estado, já registra mais de 30 mil casos de Covid-19.

O aumento de pessoas na rua, também foi observado, por quem trabalha diariamente para garantir o mínimo à população mais vulnerável. “Essas pessoas [vulneráveis], famílias dos bairros próximo ao Centro, [que vivem] nos cubículos, nos cortiços, que esse [cenário de] pandemia trouxe, tirou [essa realidade] debaixo do tapete ”, destaca Fernanda. “Não tinham como sobreviver sem o movimento da rua, suas atividades informais são junto com o movimento da cidade e com a pandemia parou”, explica Fernanda, sobre esse aumento.

Legenda: Kits e cestas são distribuídos às pessoas carentes de Fortaleza
Foto: Divulgação

Ações

Para tentar amenizar os impactos da pandemia no cotidiano das pessoas em situação de rua, a Prefeitura de Fortaleza, por meio da SDHDS, abriu três novos abrigos temporários para a população de rua, em caráter emergencial, disponibilizando um total de 170 vagas. Além disso instalou na capital dois galpões de higiene pessoal, nos bairros Praia de Iracema e Centro. Os galpões oferecem bebedouros, banheiros e chuveiros, onde se pode realizar higiene básica, algo fundamental nesse cenário de crise sanitária. 

No que diz respeito à saúde, a SDHDS informou que em parceria a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) “disponibiliza profissionais semanalmente nos equipamentos, avaliando qual melhor encaminhamento para pessoas em situação de rua”, além de existir nas ruas o trabalho de conscientização para a população em situação de rua, sobre o novo coronavírus, pelos Centros de Referência para População em Situação de Rua (Centro Pop). 

Por meio do Movimento Supera Fortaleza, a Prefeitura está distribuindo 600 refeições para quem não consegue chegar às unidades de assistência como Centros Pop e Centro de Convivência. E para diminuir a disseminação da Covid-19, o atendimento do Restaurante Popular está sendo feito por meio da distribuição de cestas básicas, entregues diretamente na residência dos 1500 usuários cadastrados. Para o diretor do coletivo Fortaleza Invisível, o trabalho da Prefeitura tem sido muito positivo, principalmente os programas de assistência social. “Os Centro Pop, tanto do Centro quanto o Benfica, estão bem atuantes nas ruas, estão levando informação, estão levando material informativo”, declara Marcelo.

Apesar dessas ações, e de reconhecer o esforço das políticas públicas para dar o mínimo a essa parcela da população, a coordenadora da Pastoral do Povo da Rua (PPR), ainda sente fortemente a ausência dos Centros de Referência e Assistência Social (CRAS) nas comunidades. “As famílias vieram em grande número para a rua, porque não tiveram nenhum apoio nas comunidades. Tem casos de famílias que estavam sendo atendidas pelos CRAS, mas não estavam tendo cobertura porque estavam fechados”, lamentou Fernanda. “A Prefeitura deveria repensar, alguns desses serviços que estiveram fechados durante a pandemia, quando deveriam estar abertos para dar suporte a nossa população de rua”,conclui. 

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