Treino dobrado e fisioterapeuta estrangeiro: como Mancuso virou destaque no Fortaleza de Palermo
Em entrevista exclusiva, lateral conta bastidores do Fortaleza na luta pela permanência na Série A
O lateral-direito argentino Eros Mancuso tem sido um dos destaques do Fortaleza na luta pela permanência na Série A do Brasileirão. Desde a chegada do técnico compatriota Martín Palermo, Mancuso cresceu de rendimento, somando gols, assistências e participações em gols, além de atuações que têm agradado ao torcedor tricolor.
Para melhorar de desempenho e recuperar a confiança diante de uma temporada de oscilação e críticas por parte dos torcedores, Mancuso suou a camisa e trabalhou duro. Em entrevista exclusiva ao Diário do Nordeste, o jogador argentino revelou bastidores do caminho até tornar-se um dos pilares do time na Série A do Brasileirão 2025.
Eu estava com alguns incômodos físicos. Trouxe um fisioterapeuta da Argentina para ir tratando esses incômodos. Comecei também a treinar de manhã, e eu acho que isso é uma consequência. Não acho que isso seja o mais importante, mas acredito que pode ajudar para que o nível que se vê hoje seja outro, ou que tenha melhorado.
Mancuso revelou que a sua melhora passa também pelo crescimento de rendimento da equipe como um todo. Desde a chegada de Palermo, são quatro vitórias em oito jogos, com aproveitamento superior a Juan Pablo Vojvoda e Renato Paiva, treinadores que também comandaram o Tricolor do Pici ao longo da temporada 2025.
“A verdade é que a equipe também está tendo um desempenho melhor. Então eu acho que isso faz com que o nível de todos suba um pouco. É o time que faz o seu nível, o conjunto que faz com que o nível de cada um melhore. Hoje me sinto feliz, contente, e esperamos que os resultados continuem aparecendo”, disse Eros Mancuso ao Jogada.
Além do esforço individual e da melhoria coletiva do elenco, Mancuso fez questão de destacar o trabalho do técnico Martín Palermo à frente do Fortaleza. Mesmo estando em sua primeira experiência como treinador no futebol brasileiro, o argentino tem conseguido melhorar o futebol do Leão e aumentar as chances de permanência na elite.
Ele nos pediu coisas simples e isso nos ajudou. Ele realmente tem uma maneira de transmitir confiança. Nos treinamentos, traz um lado mais alegre, divertido, e isso faz com que a equipe se una mais, com vibrações mais positivas. Estávamos passando por um momento ruim e não havia tanta conexão entre a equipe. Acho que a forma dele nos ajudou muito nisso. Para nós, argentinos, tê-lo é algo incrível, porque crescemos vendo ele.
Na entrevista exclusiva ao Diário do Nordeste, Eros Mancuso também falou sobre outros assuntos relevantes, como a relação com sua família, os desafios do Fortaleza na reta final da Série A do Brasileirão, a parceria com Tinga na lateral-direita, a possibilidade de atuar em outras posições, a união do elenco e os seus sonhos pessoais. Leia abaixo:
OUTROS TRECHOS DA ENTREVISTA COM EROS MANCUSO
Jogada: Vestindo a camisa do Fortaleza em uma Série A, jogando como titular e se destacando, mesmo diante de um cenário difícil. Você está vivendo seu melhor momento? Está realizando um sonho?
Mancuso: Sim! Trabalhei a vida toda para estar hoje onde estou. Sonhei, eu sonhei, minha família sonhou. E justamente hoje minha mãe está aqui em Fortaleza. Fomos tomar café da manhã e eu pensava o quanto sou afortunado por estar com ela... bom, neste lugar, com calor, praia — é realmente o máximo que eu tenho hoje em dia. Estou muito contente de estar aqui, de ela estar aqui, e de ter minha família me apoiando. É algo que sonhei desde criança e que, felizmente, hoje está se tornando realidade.
Mancuso: Não posso deixar de mencionar o Renato Paiva, com quem também tive conversas. E, na verdade, foram coisas que ficaram em mim e me ajudaram muito. Talvez não tenha se refletido no momento em que o Paiva estava aqui, mas em mim ficaram. E eu acho que também coisas que ele me disse estão me ajudando agora, e por isso talvez neste momento estejam se refletindo.
Jogada: A vitória do Fortaleza sobre o Flamengo fez com que a confiança do elenco crescesse ainda mais? Foi algo importante na luta contra o rebaixamento?
Mancuso: Sim. Hoje mesmo eu vim com o Herrera, e desde que terminou o jogo contra o Flamengo, todos os dias a gente vem falando a mesma coisa: que se ganhamos do Flamengo, podemos ganhar de qualquer um. Se vencermos três, quatro partidas seguidas, saímos da zona em que estamos. Então estamos muito confiantes, muito focados nisso.
Jogada: Qual o peso e a importância do jogo contra o Santos, um adversário direto na luta pela permanência e que é treinador por Juan Pablo Vojvoda, seu ex-técnico no Fortaleza?
Mancuso: Sabemos que contra o Santos vai ser uma final, e temos que ir jogar como o jogo merece. É uma motivação muito grande que todos nós temos para esta partida. Também é contra o Juan, e são alguns sentimentos mistos, estranhos, porque, o Juan foi quem me trouxe para cá, e eu sou muito agradecido a ele. Mas a verdade é que agora temos que pensar em nós. O Juan está em outro lugar, e nós pensamos em vencer. Estamos muito motivados, e espero que as pessoas se sintam representadas neste jogo.
Jogada: Você divide posição com Tinga, um ídolo do Fortaleza. Como é a sua relação com ele e qual a sensação de atuar ao lado de um grande nome da história do Leão?
Mancuso: Todos sabemos o que ele significa para o clube, para a história. É um grande ídolo, é o nosso capitão. Nós nos sentimos muito representados por ele, e tenho uma relação muito boa com ele, sabemos que é uma competição saudável. Ele é o Fortaleza em uma pessoa. Então tentamos escutá-lo, aprender com as coisas que ele faz. Feliz por ter uma pessoa assim no grupo, ainda mais sendo na mesma posição que eu.
Jogada: Pensa em um dia fazer o mesmo movimento que o Yago Pikachu, que começou a carreira como lateral-direito e depois virou um atacante?
Mancuso: Acho que o meu caso foi ao contrário. Eu comecei na frente, comecei como atacante. Depois passei para o meio e, depois, mais para trás. Daqui a pouco vou acabar indo para fora já... (risos). Mas a verdade é que já joguei como lateral-esquerdo, já atuei na Argentina como zagueiro (de stopper), já joguei de volante, e onde me colocarem eu vou jogar, vou tentar fazer o meu melhor. Me sinto bem como lateral. Mas, se eu for bem como o Pikachu, quem sabe eu também acabe jogando de ponta (risos).
Jogada: Nesta luta do Fortaleza contra o rebaixamento, você, como alguém de dentro, pode afirmar que se trata de um grupo de jogadores unidos?
Mancuso: Sim. Temos um grupo de 35 ou 36 jogadores, que estamos muito unidos. Todos treinam no máximo, independentemente de estarem convocados ou não. Todos dão o máximo. Então, eu acredito que isso é o que mantém a gente vivo e lutando. É esse grupo, que é um grupo muito bom, de pessoas leais, mas todos são pessoas que dão o melhor, sem más intenções. Isso que mantém essa crença de que vamos lutar para permanecer.
Jogada: Quais são os seus principais desejos e pedidos para este fim de ano?
Mancuso: O grande objetivo é permanecer na Série A. E, se pudermos colocar outro, seria chegar à Sul-Americana ou nos classificar para alguma copa — isso seria algo muito melhor. Mas, o grande objetivo é permanecer na Série A.