Renan Souza, de três anos, gosta de cantar as músicas do time
“Eu amo muito o Fortaleza. ‘Não vou parar de te apoiar, até na pele tatuei sua bandeira. Fui batizado na cor branca, azul, vermelha… A minha vida te pertence, Fortaleza". O Renan, de três anos, cantou ao ser perguntado qual a música favorita do time que ele torce. O amor é mais nítido que as palavras. Mas o verso entoado nas arquibancadas, que ele ainda não conhece por causa da leucemia, explica bem o carinho do menino pelo tricolor, que também gosta muito do mascote Juba.
Renan nunca foi ao estádio devido à baixa imunidade causada pela leucemia, um tipo de câncer no sangue. A doença foi descoberta pela família em fevereiro, após exame para detectar a dengue. Com a anemia detectada, a investigação mais aprofundada trouxe o duro diagnóstico. Desde então, o tratamento é realizado no Hospital Peter Pan, na capital cearense. Assim, a rotina começa às 5h da manhã, quando ele acorda e vai ao hospital para a consulta médica três vezes por semana.
BATISMO TRICOLOR
O fanatismo veio do pai, Francisco Rennê, que cresceu acompanhando jogos do Fortaleza nas arquibancadas do Presidente Vargas e do Castelão. Ele explica como acompanhar as partidas do time em casa contribui para diminuir a saudade que Renan tem de jogar bola no campinho.
“Meu pai me fez amar o Fortaleza. Hoje em dia, os dois amores da minha vida... A mãe dele vai ficar com raiva de mim. Mas são o Renan e o Fortaleza. E eu tento refletir isso no Renan também. Tanto que ele gosta muito de futebol. Comprei uniforme pra ele do Fortaleza, a gente ia pra Areninha jogar. Tanto que isso é uma das coisas que ele mais sente saudade, por conta da doença a gente não tá podendo sair. Tento suprir isso dentro de casa. A gente fica jogando uma bolinha aqui. Tem jogo do Fortaleza, a gente assiste. Fica cantando as músicas. É muito legal isso. Sonho um dia, o mais breve possível, levar o Renan a um jogo do Fortaleza, pra ele sentir essa emoção de perto, o quanto a torcida é apaixonada pelo time pra ele sentir mais e mais isso", revelou.
ROTINA
No último dia 14 de junho, o Fortaleza realizou uma ação para lembrar o Dia Mundial do Doador de Sangue. Nas redes sociais, o clube publicou uma mensagem lembrando a importância do gesto. Além de contribuir para atendimentos de urgência, o material também é necessário em cirurgias e tratamentos de doenças, como alguns tipos de câncer.
“O tratamento começou em março. Tem dia que a gente fica internado porque faz parte do protocolo de quem tem leucemia. No segundo mielograma (exame para detectar a presença de células cancerígenas no sangue), não está sendo detectada a doença por conta das quimios e tudo isso, a gente está aqui na luta”, explica a mãe, Amanda Souza.
“Como ele está reagindo bem aos tratamentos, a gente tem mais algumas fases. A gente costuma dizer que é um dia após o outro. Ele vai começar o terceiro ciclo agora. Já são quatro meses de tratamento, geralmente são uns seis a sete meses para entrar na manutenção, se tudo ocorrer bem e está ocorrendo, graças a Deus. Essa manutenção tira esse pique que ele tem no braço, fica vindo tomar uma vez por semana as medicações. E aí, depois, repetimos os exames para 'bater o sino', dar a vitória. Mas ainda tem algumas fases até lá. A gente vai começar uma fase agora de internação e termina esse ciclo, repete os exames e vamos para outro ciclo.”, completa.
Amanda tinha uma clínica de estética, mas precisou interromper as atividades para acompanhar o tratamento do filho. Em casa, Rennê é o único que tem remuneração. Assim a família iniciou uma vaquinha on-line. O intuito é cobrir custos referentes a remédios e transporte. Você pode colaborar aqui.
“A gente gasta, em média, de transporte, uns R$ 900, 00 reais por mês. Fora alguns medicamentos. Não é alimentação, não é fralda, é mais deslocamento e medicação. A gente não tem transporte. A gente vem quase todos os dias”, detalhou Amanda.
BRINCAR DE TORCER
Além de acompanhar os jogos do tricolor, Renan também gosta muito do Juba. O mascote enviou uma mensagem para o pequeno, que vibrou bastante com o carinho. Veja o momento.
Enquanto isso, o menino encontra no futebol a brincadeira bonita de torcer. É como se, toda vez que o Fortaleza entrasse em campo, cantasse para o pequeno tricolor: “Não vou parar de te apoiar.”
“O Renan cresceu nesse ambiente. Ele sempre via o Fortaleza, as cores, a música... E aí, desde muito pequenino, ele se apaixonou por bola. Não sei explicar o amor que ele tem por bola. Lá em casa tem umas 15 bolas. É amor por futebol. Ele também gosta de brincar de cozinhar, de carrinhos…”, disse a mãe.
“O Renan veio para mudar minha vida por completo. Foi uma felicidade enorme quando descobri que ele ia vir ao mundo. Quando ele nasceu, a primeira vez que eu peguei ele no braço, a minha vida mudou por completo. Senti que minha vida não era mais minha. Além de ser meu filho, é meu melhor amigo. Tudo que eu faço é pensando nele. É uma criança incrível, maravilhosa. E ele passando por essa situação que ele tá passando, só me faz ver o quanto o Renan é iluminado e abençoado. Porque ele está respondendo bem a todo o processo, porque ele está me mostrando o quanto eu sou fraco perto dele e graças a Deus ele está se mantendo forte”, finalizou o pai.