Técnico do Floresta explica reformulação no elenco para 2026 e meta no Estadual

Leston Júnior concedeu exclusiva ao Jogada 1º Tempo

Escrito por
Alexandre Mota e Samuel Conrado jogada@svm.com.br
Legenda: O técnico Leston Júnior seguiu no Floresta para a temporada de 2026
Foto: Kely Pereira / Floresta

Uma das sensações do futebol cearense em 2025, o Floresta intensificou os trabalhos para atingir novos feitos na próxima temporada. E o primeiro grande objetivo é o Campeonato Cearense, onde busca surpreender e avançar pelo menos às semifinais da competição.

Único representante estadual na Série C, o Lobo da Vila Manoel Sátiro atravessa uma profunda reformulação no elenco, mas manteve o técnico Leston Júnior, que concedeu uma entrevista exclusiva ao programa Jogada 1º Tempo deste sábado (20). Confira abaixo os principais pontos abordados, como a busca por mais reforços, a estratégia tática adotada e a definição do mando de campo alviverde.

Exclusiva com Leston Júnior, do Floresta

Jogada: Após quase conquistar o acesso à Série B, o Floresta passou por uma reformulação do elenco para 2026, com 17 contratações. Qual a expectativa para essa nova formação?  

“A campanha no nível que foi feita (na Série C) acabou gerando muita coisa boa, que foi uma campanha histórica do clube, ficando a um gol do acesso à Série B, mas ela ocasionou uma super valorização de praticamente todo mundo que estava envolvido no processo, então com o término da competição, a gente acertou a permanência para a temporada de 2026, mas obviamente houve assédio muito grande na maior parte do nosso elenco, e o clube passa agora por uma reformulação muito agressiva no elenco. Nós iniciamos esse processo de remontagem, e ele precisa ser uma remontagem gradativa para que a gente possa absolver aquilo que nós temos disponível no mercado, dentro do nível que nós temos de perspectiva para a temporada, mas ao mesmo tempo, não se precipitar para que a gente também não perca um segundo momento da montagem, que é o pós-Estadual, então a gente precisa pensar na temporada como um todo. Estamos fazendo um trabalho gradativo, mas estou satisfeito já com parte do elenco que nós trouxemos para esse início”.

Jogada: Boa parte do grupo saiu, mas o Leston Júnior permaneceu. Nesse contexto, o perfil tático do time deve mudar para 2026?

"Há uma sinergia com Floresta, acho que muito em relação a tudo aquilo que eu já vivi aqui no clube, pela relação que eu tenho com o proprietário do clube e e seus filhos, que compõe a direção do clube. Acho que é um lugar que me oferece aquilo que preciso enquanto treinador, uma estabilidade para que eu desenvolva o trabalho. Eu cheguei no Floresta um mês antes de começar a Série C, nós sabíamos da dificuldade que nós enfrentaríamos, e logo no início, a gente começa com um ponto nos três primeiros jogos. Talvez, num outro perfil de clube, o trabalho já pudesse vir a ser questionado, e aqui a gente tinha essa tranquilidade de saber que o processo naturalmente nos traria os resultados lá na frente. Temos essa questão da mudança do elenco, é claro que eu gostaria de ficar com uma parte do elenco porque já ganharíamos tempo, ficamos só com Diego Matos, mas o fato de já ter uma filosofia de trabalho facilita. A gente percebe que o Floresta, como cultura, precisa de um time mais aguerrido, de um time que compete um pouco mais, e eu acho que a montagem feita por nós vai ser muito no encontro disso para que possa contemplar as características que o modelo de jogo vai solicitar".

Jogada: Nos últimos anos, o Floresta teve dificuldades no Campeonato Cearense, mesmo possuindo calendário nacional. Como você avalia essa situação e qual o objetivo do clube no Estadual de 2026?

"Bom, se nós pegarmos as últimas temporadas, acho que 2019 foi o último Campeonato Cearense que o Floresta fez e chegou à semifinal. De lá pra cá, o clube teve uma queda em 2020 e depois do acesso, até esse ano, teve um campeonato muito complicado. Eu entendo que o Floresta, pela condição de trabalho que é oferecida, pelas ambições do clube de buscar o acesso à Série B do Campeonato Brasileiro, é importante que faça um Estadual mais sólido do que vem fazendo nos últimos anos. A gente sabe do grau de dificuldade, eu mesmo nunca disputei um Campeonato Cearense, mas estou tentando entender quais são os motivos das dificuldades que o Floresta vem tendo no certame. Isso porque eu entendo que a gente precisa chegar na Série C pronto, diferente desse ano, que fizemos uma montagem de quase 80% do time na própria Série C, isso é muito ruim, a equipe vai ganhar corpo somente no meio da competição, então eu acho que vamos fazer um Campeonato Cearense sólido, com condição de chegar pelo menos à semifinal da competição para que o clube volte a jogar a Copa do Brasil. A última vez que jogou foi 2018, inclusive, eu fui adversário do Floresta nesse ano, no Botafogo-PB, e nós eliminamos o Floresta na Copa do Brasil, então iniciar bem o Estadual acaba trazendo mais robustez pra Série C. O desafio é entender que, no Estadual, nós precisamos fazer uma competição sólida, segura, mesmo sabendo das dificuldades de uma montagem do zero".

Jogada: Uma das marcas do Floresta na Série C foi o desempenho em casa, principalmente em Horizonte. Para o Estadual, o estádio Domingão segue como o local dos jogos do time?

"Nós fomos o 2º melhor mandante da Série C 2025, tivemos realmente um aproveitamento muito alto, então a gente segue jogando em Horizonte sim (em 2026), os jogos serão no Domingão. Eu tenho comigo que houve uma sinergia muito legal do time com o Horizonte, com o Domingão, porque não é uma questão só de gramado, é uma questão de referência mesmo. O Domingão tem uma área atrás dos gols muito extensa, dá uma noção de profundidade maior e, às vezes, o campo até parece ser maior, por exemplo, que o PV, porque a arquibancada no PV é imediatamente atrás do gol, então houve realmente uma identificação grande do elenco. Nós, enquanto profissionais, precisamos ser capazes suficientes de transformar o nosso local de jogo em uma arma para que a gente possa ter, em 2026, um aproveitamento igual ao que tivemos em 2025, que realmente foi um aproveitamento muito alto" 

Jogada: A base do novo elenco está montada, mas o Floresta ainda busca contratações para a temporada de 2026?

"A ideia é que a gente tenha pelo menos mais quatro contratações até a virada do ano. Temos alguns atletas que, até por questão de obrigatoriedade do período de férias, nomes que terminaram jogando recentemente, nós precisamos protelar um pouco a vinda, mas nós precisamos ter muita sabedoria nesse momento para que a gente possa não comprometer a o planejamento da temporada como um todo, se precipitando em contratações, porque daqui a pouco chega uma condição de trazer atletas no pós-Estadual, mas tem a necessidade também de tirar atletas, e esse é o pior cenário, isso afeta o clube e com o interno do clube. O futebol é feito de seres humanos, cria uma convivência diária, e a saída de atletas é sempre muito ruim para o ambiente, então a gente precisa ter calma, precisa ter cuidado para que a gente possa ser assertivo nas contratações. Estou prestes a completar 100 jogos no Floresta e acho que o sucesso sempre passou muito por uma felicidade no processo de montagem, e um dos fatores é porque o Floresta tem essa característica de não ter um apelo muito grande de torcida, então você precisa transformar o ambiente interno em muita competição para que você não tenha a zona de conforto, porque é um clube que oferece uma boa condição, cumpre com suas obrigações financeiras, fica em uma baita cidade para viver, então se você não gerar um ambiente competitivo interno, você vai ter dificuldade inevitavelmente, e isso passa pela montagem de atletas com esse perfil, que suportam esse tipo de condução de área para que você tenha uma equipe competitiva em todas as competições que você disputar".

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