Questionada por gênero, Imane Khelif conquista medalha nas Olimpíadas de Paris

A argelina tem hiperandrogenismo, condição caracterizada por níveis excessivamente altos de andrógenos ou hormônios masculinos

Legenda: A boxeadora garantiu a primeira medalha da Argélia nos Jogos Olímpicos de 2024
Foto: MOHD RASFAN / AFP

A argelina Imane Khelif venceu, por decisão unânime, a húngara Anna Luca Hamori neste sábado (3) e avançou para a semifinal do torneio de boxe das Olimpíadas de 2024, na categoria 66 kg. Com isso, a boxeadora garantiu pelo menos a medalha de bronze, a primeira da Argélia nesta edição dos Jogos Olímpicos.

Khelif havia sido erroneamente acusada de não ser mulher após a luta de estreia nestas Olimpíadas. Isso porque a argelina havia sido reprovada em um teste de gênero feito pela Associação Internacional de Boxe (AIB) e foi desclassificada do campeonato mundial em 2023.

A delegação da Argélia informou, por meio das redes sociais, que a atleta tem hiperandrogenismo, condição caracterizada por níveis excessivamente altos de andrógenos ou hormônios masculinos, segundo informações da Agência Brasil.

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Devido à polêmica envolvendo o gênero da argelina, o combate deste sábado atraiu atenção da comunidade internacional. Segundo informações da Folha de S. Paulo, havia um temor em relação à luta devido a supostas declarações da húngara — que não foram confirmadas — contrárias à presença Khelif.

"Tentei me comportar de maneira completamente esportiva, e minha oponente também. Então não dá para dizer uma única palavra ruim sobre ela", afirmou Hamori. "Acho que os últimos dias foram difíceis para todos, para ela e para mim, e por isso queria mostrar que tenho respeito por ela", continuou.

Após a luta, o político húngaro Balázs Fürjes, membro do Comitê Olímpico Internacional (COI), esteve ao lado da pugilista e insinuou que a entidade deveria rever os critérios de elegibilidade para o boxe feminino.

Ainda segundo a Folha de S. Paulo, na manhã deste sábado, o alemão Thomas Bach, presidente do COI, deu uma declaração em defesa de Imane Khelif e a taiwanesa Lin Yu-ting, que tem sido questionada pelo mesmo motivo.

"Como pode alguém que nasceu, foi criada, competiu e tem passaporte como mulher não ser considerada mulher? Se alguém descobrir algo, estamos prontos a ouvir. Mas não vamos participar de uma guerra cultural politicamente motivada", afirmou.


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