Bate-papo com os craques: ouça entrevista com Mazinho Loyola, que saiu do Sertão para o Inter/RS

O atacante mesmo sem ter feito base, teve ascensão rápida no futebol. Se profissionalizando no Ferroviário e chegando ao São Paulo

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(Atualizado às 10:04)
Legenda: Cearense passou por grandes times do futebol brasileiro, entre eles o Internacional
Foto: Foto: Blog do Laprovitera

A missão para buscar o sonho de ser jogador de futebol não é algo fácil, mas existem fatores que agravam ainda mais o processo. Imagina nascer em um dos sertões mais quentes do estado do Ceará, não ter feito categorias de base e ir além do que o sonho talvez permitia. Mazinho Loyola nasceu em Tauá, fazia o futebol uma "brincadeira", mas aos 18, de forma muito rápida, se tornou profissional no Ferroviário. Viveu o sonho de jogar no São Paulo, Internacional, Paraná, ter destaque e ainda ser peça fundamental no acesso do Fortaleza em 2002 para Série A do Brasileiro.

Quando se profissionalizou, a dificuldade de entender o jogo foi grande. Pelo fato de não ter feito categorias de base, apenas seguindo o instinto de 'jogar bola', Mazinho sempre foi consciente das suas características e limitações.

"Eu me descobri como um possível atleta somente quando cheguei ao Ferroviário, com 18 anos de idade, antes era só brincadeira em Tauá, jogando amador, mas nada sério. Eu sempre tive a disciplina como principal aliado e busquei ter as minhas próprias conquistas sem pedir nada a ninguém, a dificuldade era enorme. Eu ia a pé do Pirambu para Barra do Ceará, enquanto outros garotos só iam treinar se o clube ajudasse na passagem." relato.

Ouça o Bate-papo com os craques



Internacional e relação com Abel Braga

Mazinho foi campeão cearense na base e no profissional pelo Ferroviário. Pouco tempo de clube, já teve o seu primeiro grande contrato com São Paulo, foi campeão paulista neste período pelo clube. Mas o grande auge da carreira foi no Internacional, pelo menos em relação ao futebol jogado, mas por outro aspecto nem tanto.

"Eu gosto de destacar que o auge foi no Ferroviário, São Paulo e Santa Cruz. Era o período da inocência, onde tudo era muito bonito. Quando percebi que haviam interesses, comecei a ver muitas sacanagens de empresários, jogadores, diretores e tive um outro olhar. Quando passei a ver dessa forma, ficou feio.

Mazinho era titular no Internacional, Abel Braga colocou um garoto da base devido algumas pressões internas, do torcedor e da imprensa. O episódio irritou o jogador, mas desenvolveu uma grande admiração pelo "Abelão".

Legenda: Mazinho com a camisa do Paraná
Foto: Foto: Terceiro Tempo


"Neste jogo que o garoto foi titular fez gol e faltando cinco minutos para terminar o Abel Braga me chama para entrar, então me recuso, balancei o dedo de volta dizendo que não. Mas isso não se faz, um jogador se recusar a entrar por vaidade, o time ganhando, foi um erro tremendo da minha parte. No vestiário, imaginei que seria dispensado, o Abelão baixou próximo de mim e disse que eu era um 'cearense burro', porque naquela época, quem entrava nos jogos, ganhava um adicional financeiro. Ele foi discreto comigo e disse que contava com o meu futebol. Então passei admirar o Abel e pensei: 'vou morrer em campo por esse cara'.

Clodoaldo e o acesso pelo Fortaleza

Na reta final de carreira, Mazinho Loiola se adaptou e passou a jogar de meia, ao invés de atacante de velocidade. Fez parte da histórica 'jangada atômica' em 2002, foi um dos principais jogadores da equipe e conta um relato interessante sobre a qualidade do Clodoaldo.

"Jogador mais extraordinário que vi jogar, tecnicamente, por tudo que ele fazia, enchia meus olhos. Mas ficava triste ao enxergar que ele não tinha aptidão para ser atleta. Ele, na questão técnica, foi um dos maiores jogadores que vi jogar. Mas não tinha a disciplina para se capacitar fisicamente e na época, a evolução do futebol já acontecia. Hoje, se o garoto se dedicar fisico e taticamente e não necessariamente ser um craque, ele ganha dinheiro. Se o Clodoaldo tivesse sido atleta ele seria milionário.

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