Árbitro cearense César Magalhães se aposenta dos gramados

Considerado principal nome da arbitragem do Estado no cenário nacional, ele deixa de apitar jogos para dedicar mais tempo ao emprego numa empresa privada. Falta de profissionalização da atividade foi determinante para escolha

Cada partida de futebol reserva uma história peculiar. Todos os jogadores que entram em campo sabem que 90 minutos é tempo suficiente para que possam ser consagrados como heróis ou maculados como vilões. Há um personagem essencial, porém, que já pisa no gramado ciente que não marcará gol, que não será ovacionado pela torcida e muito menos campeão de algum torneio. A vida de árbitro de futebol não reserva glórias, mas traz lições para a vida. É com este aprendizado que o cearense César Magalhães pendurou o apito e aposentou-se da função de árbitro após 12 anos de carreira.

O fortalezense Luiz César de Oliveira Magalhães, desde criança, carregou sonho diferente dos demais jovens. Enquanto a maioria dos amigos de infância desejava ser jogador de futebol, sua vontade era de ocupar o cargo responsável por comandar e disciplinar as partidas.

"Posso dizer que a arbitragem foi a realização de sonhos. Sempre fui envolvido pela família. Meu padrasto foi árbitro também, o Luis Vieira Vila Nova, que chegou a ser aspirante Fifa, era um árbitro bem conceituado. E cresci indo pros estádios e vendo isso, que acabou me estimulando", garantiu em entrevista exclusiva ao Sistema Verdes Mares.

César foi eleito três vezes seguidas o melhor árbitro do Campeonato Cearense e era considerado o principal nome do Estado no cenário nacional, com frequentes aparições na Série B do Campeonato Brasileiro e como árbitro reserva na Série A. Mas a caminhada não foi fácil. Foram muitos percalços ao longo do caminho, com constantes críticas e xingamentos vindos das arquibancadas que afetavam não somente a ele.

"Rapaz, foram tantos xingamentos...A mãe é a que mais sofre, a pobrezinha (risos). Mas faz parte. Tem que entrar num ouvido e sair no outro".

A decisão de parar agora a carreira que se iniciou em 2007, porém, ocorre por outra questão profissional. César também atua em empresa que faz revenda de tecnologia para estabelecimentos comerciais e precisou escolher pelo caminho mais seguro.

"Hoje os árbitros não são profissionais, não têm nenhum tipo de garantia. Simplesmente vai, apita um jogo e recebe. Mas não sei quantos jogos vou trabalhar no mês, consequentemente não sei quanto vou receber no mês. Então, pensando a longo prazo, cheguei à conclusão que era melhor focar na empresa".

Futuro da arbitragem

Apesar de não atuar mais nos gramados, César Magalhães segue com desejo de contribuir para a arbitragem cearense, e destaca ainda o caminho que a CBF deve seguir para melhorar o nível dos juízes brasileiros.

"O desejo é estar fora de campo ainda envolvido com arbitragem, como instrutor de novos árbitros, o que já faço, e também ajudando a Federação Cearense de Futebol no que for preciso. Quero continuar ajudando. E o caminho é a profissionalização, para que os árbitros possam se dedicar com exclusividade, assim como os jogadores. Com certeza, o rendimento vai melhorar muito".


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