PMs se uniram a traficantes para cometer crimes na Capital

Militares protegiam e privilegiavam os traficantes com os quais se associavam, em detrimento de criminosos concorrentes, e desviavam drogas e armas apreendidas, na Região do Grande Bom Jardim

Escrito por Redação , seguranca@verdesmares.Com.Br
Legenda: Segunda fase da Operação cumpriu 11 mandados de prisão, sendo 5 deles no Sistema Penitenciário
Foto: Foto: José Leomar

A segunda fase da Operação "Maçãs Podres", deflagrada ontem, expôs um esquema criminoso que envolvia policiais militares e traficantes e cometia diversos crimes na Região do Grande Bom Jardim, em Fortaleza. Ao todo, 21 denunciados já estão presos e outros quatro, foragidos.

O Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), do Ministério Público do Ceará (MPCE), com apoio da Coordenadoria de Inteligência (Coin) da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), chegou à teia criminosa durante as investigações de outra operação, a 'Saratoga', que se debruçava sobre um braço da facção Primeiro Comando da Capital (PCC), que dominava o tráfico de drogas naquela Região da Capital.

"No meio da Operação (Saratoga), nos deparamos com esse grupo de policiais militares que agia organizadamente e que, em consórcio com pequenos e médios traficantes, independentemente de facção, praticava uma série de crimes", resume o coordenador do Gaeco, promotor de Justiça Rinaldo Janja.

A investigação, iniciada há cerca de um ano e meio, identificou que a quadrilha cometeu os crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico, extorsão, corrupção ativa e passiva, porte e posse ilegal de arma de fogo e organização criminosa.

O grupo de PMs, liderado por um sargento da Polícia Militar do Ceará (PMCE), protegia e privilegiava os traficantes os quais se associava, em detrimento de criminosos concorrentes e até autores de pequenos delitos. "Eles obtinham informações dos traficantes que eram seus associados e iam extorquir os seus adversários. Quando efetuavam a prisão daqueles concorrentes, se apoderavam de drogas, munições e armas, que eram negociadas por eles (policiais)", afirma Janja.

O Gaeco obteve conversas entre policiais e traficantes, através de interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça. Em um dos diálogos, um militar combina com um suspeito de tráfico de drogas para apreenderem armas de um proprietário de uma pizzaria. "Tenho um negócio ali 'pra tu'. O 'cara' lá está dando uma 'fita', de uma pizzaria lá na Granja, o dono fica com dois revólveres", anuncia o civil. "Então pronto. Me dê o 'bizu' (informações) que eu vou buscar", garante o militar.

Em outra conversa, um policial militar oferece a um criminoso 2,5 kg de cocaína apreendida em uma ação policial, pelo preço de R$ 20 mil. "Vê aí quem quer. Tô com a foto. Tem que desenrolar de hoje para amanhã", solicita.

Prisões

O Departamento Técnico Operacional (DTO) da Polícia Civil e a Coordenadoria de Inteligência (Coint) da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) cumpriram 11 mandados de prisão, ontem, contra os acusados de participar do esquema criminoso. Seis alvos estavam em suas residências, em Fortaleza e Caucaia, enquanto outros cinco já se encontravam detidos em presídios. Mais quatro denunciados não foram localizados.

A Polícia Militar já tinha efetuado a prisão de dez militares, no dia 2 de agosto último, na primeira fase da Operação Maçãs Podres. Oito deles estavam em atividade normal e os outros dois, já presos por outros crimes. Quase um mês depois, todos os dez policiais militares continuam detidos.

O nome da Operação faz referência aos maus profissionais da PMCE, segundo o membro do Gaeco, promotor de Justiça Adriano Saraiva: "É justamente um trabalho que o Ministério Público vem fazendo para banir, da Polícia Militar, aqueles policiais corruptos, e prestigiar e valorizar o trabalho dos policiais honestos, que prestam grande serviço à sociedade".

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.
Assuntos Relacionados