Pela 1ª vez desde a redemocratização, presidente festeja 200 dias de Governo
Bolsonaro faz balanço das ações de Governo, exalta patriotismo da sua equipe e destaca a ausência de “denúncias de corrupção”
Ao celebrar os 200 dias de mandato, o presidente Jair Bolsonaro (PSL-RJ) destacou, em seu discurso, as diferenças entre sua administração e as gestões petistas anteriores, ressaltando esforços para desfazer medidas dos antecessores. “São seis meses sem uma acusação de corrupção no Governo”, alfinetou Bolsonaro.
O presidente já fez quatro trocas de ministros. Já deixaram a Esplanada dos Ministérios Gustavo Bebianno (Casa Civil), Ricardo Vélez Rodríguez (Educação), o general Santos Cruz (Secretaria de Governo) e Floriano Peixoto Vieira Neto (Secretaria-Geral).
Bolsonaro disse que quis formar um time que representasse o Brasil. “Um time com critério técnico, patriotismo e que se dedica acima de tudo”.
Também defendeu a sincronia no seu gabinete. “Quem veio trabalhar comigo sabe da minha posição. Não posso ter um ministro falando favoravelmente ao desarmamento, se a minha linha não é essa. Tenho que defender a linha e as bandeiras que fizeram o povo acreditar em mim”.
Bolsonaro relembrou ainda seu tempo de parlamentar. “Passava na cabeça de muita gente: como era possível mudar o Brasil? Nós sabemos como é aquela engrenagem. Agora que estamos no poder, vamos cumprir o que prometemos na campanha? Vamos”.
O evento foi realizado no Palácio do Planalto e contou com a presença de ministros, parlamentares e outras autoridades. Para marcar a data, Bolsonaro anunciou medidas, como a revogação de normas e decretos que desburocratizam a administração pública.
O presidente também assinou a regulamentação do Selo Arte, que permite a venda de produtos artesanais de origem animal em todo o País. A medida deve beneficiar, por exemplo, produtores de queijos, doces e embutidos.
Revogaço
O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse que o Governo revogou 574 atos desde o início do mandato. A iniciativa faz parte da ação conhecida como “revogaço”, que tem como objetivo a diminuição da burocracia. “O presidente assina e revogamos 574 atos nos últimos dias de Governo, sendo 324 nos últimos 100, que vão facilitar a vida do cidadão brasileiro”, disse Onyx.
Segundo o ministro, o “revogaço” está relacionado a um conjunto de mais de 50 medidas que foram tocadas pelo Governo desde janeiro. Onyx destacou ainda a criação do chamado Selo Arte, que permitirá que produtores rurais acessem mercados maiores.
Em outra frente, o Governo criou, por decreto, um conselho para acompanhar o processo de adesão do Brasil à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE).
Já o anúncio da liberação de contas ativas para o FGTS, pauta esperada para a cerimônia, ficou para a semana que vem. A expectativa de divulgação de um pacote de estímulos à economia foi frustrada.
Evento inédito
Desde a redemocratização, Bolsonaro é o primeiro presidente da República a convocar um evento para celebrar 200 dias de gestão. Esse tipo de cerimônia costuma acontecer para marcar os primeiros 100 dias, o que também foi feito por Bolsonaro.
Um dos organizadores do livro “130 Anos: Em Busca da República”, o historiador e cientista político José Murilo de Carvalho atribui o novo marco a uma estratégia de marketing. “Mesmo que seja a primeira vez, não vejo nada de errado. É direito dele (marcar os 200 dias e fazer anúncios). E ele está precisando”.
Segundo pesquisa Datafolha realizada nos dias 4 e 5 deste mês, a gestão do presidente é aprovada por 33% da população e rejeitada por outros 33%. Para 61% dos entrevistados, Bolsonaro fez menos do que se esperava na Presidência nos últimos meses.
Bolsonaro é o presidente em primeiro mandato com a pior avaliação a esta altura do Governo desde Fernando Collor de Mello, em 1990.