Carlos Ghosn, ex-CEO da Renault-Nissan, confirma fuga para o Líbano e critica justiça japonesa

O ex-presidente da aliança Renault-Nissan, acusado de desvio de dinheiro, deixou a prisão domiciliar, em Tóquio

Escrito por AFP ,
Legenda: Ex-presidente da Renault-Nissan confirma fuga para o Líbano
Foto: Foto: ERIC PIERMONT / AFP

O ex-CEO da Renault e Nissan, Carlos Ghosn, que estava em prisão domiciliar em Tóquio aguardando julgamento, confirmou, nesta terça-feira (31), sua fuga para o Líbano

Agora estou no Líbano. Não sou mais refém de um sistema judicial japonês parcial, onde prevalece a presunção de culpa", escreveu ele em um comunicado transmitido por seu porta-voz. 

"Não fugi da justiça, eu me libertei da injustiça e da perseguição política. Posso finalmente me comunicar livremente com a mídia, o que farei a partir da próxima semana", acrescentou. 

Seu principal advogado disse que ficou perplexo com as notícias e que soube da fuga do cliente pela televisão.

"Fomos pegos completamente de surpresa. Estou chocado", disse Junichiro Hironaka aos jornalistas em Tóquio.

Ghosn estava em prisão domiciliar no Japão, onde seria julgado em abril de 2020, especialmente por suposta apropriação indébita financeira

Prisão

Desde sua prisão, em 19 de novembro de 2018 em Tóquio, seus advogados e sua família denunciaram as condições de detenção, o tratamento dado a ele e a maneira como a justiça japonesa realiza a acusação.

Em novembro, Ghosn foi autorizado a falar por videoconferência com sua esposa Carole, pela primeira vez em quase oito meses. 

Alguns dias antes desse contato, seus filhos exigiram um julgamento "justo" para o pai em uma coluna publicada no site de rádio pública francesa Franceinfo.

O ex-executivo é acusado de não declarar mais de 160 milhões de reais que ganhou entre 2010 e 2015, de usar indevidamente bens da Nissan em benefício próprio, de ter dado prejuízo à montadora de automóveis numa transferência de fundos e de repassar à empresa uma dívida particular.

Outro lado

Desde o começo do caso, Carlos Ghosn denunciou um "complô" por parte da companhia para impedir um projeto de integração reforçada com a Renault.

Durante uma audiência preliminar em outubro, sua defesa pediu a anulação do processo contra ele no Japão e acusou os promotores de "ações ilegais" e conluio com a Nissan para derrubá-lo.