Feirão da Rua São Paulo gera polêmica entre comerciantes do Centro

Entre o medo de queda nas vendas e o aumento da segurança, feirantes divergem sobre a mudança promovida pela Prefeitura. O local tem 2.500 m² de espaço em três andares e será capaz de comportar 371 comerciantes

Escrito por Redação , metro@verdesmares.com.br
Legenda: Transferência para a Rua São paulo garante mais segurança, mas feirantes temem queda nas vendas
Foto: Natinho Rodrigues

A transferência dos feirantes da Praça José de Alencar para um imóvel na Rua São Paulo, previsto para acontecer até o dia 23 de setembro, tem dividido opiniões entre os comerciantes. A maioria considera uma medida de impacto negativo para os trabalhadores. Outros, por sua vez, levam em conta o aspecto estrutural e de segurança do novo espaço.

É o que pensa a feirante Maria Eloisa Lima, vendedora de lanches há 14 anos na praça. Apesar de precisar pagar aluguel no valor de R$ 260 no novo espaço - definido para donos de lanchonetes -, ela estima que será um ambiente mais tranquilo para trabalhar. “Não troco esse (novo) local por aquela praça. Lá, já roubaram meu celular, meu carrinho e bicicleta. O movimento tá muito fraco. Eu acredito que vai todo mundo vir para cá e vai melhorar. Vai ser melhor para nós”, conclui.

Já para José Vasconcelos, vendedor de bolsas no local, a alternativa encontrada será se tornar vendedor ambulante. Ele acredita que o endereço do novo imóvel não será capaz de atrair os clientes. “Tenho 44 anos de Centro e nunca soube que ali desse comércio. É uma área isolada, em um canto onde as pessoas não passam. Eu vou pegar um isopor e vender dindim por aí”.

O espaço insuficiente, por sua vez, é a preocupação da feirante Maria Fernandes, comerciante de roupas. Segundo afirma, o local não tem estrutura para receber todos os comerciantes. “São 360 boxes para 6 mil pessoas. Não tem condição. A gente fica sem saber pra onde vai”, comenta.

A mudança dos feirantes acontece em razão das obras de requalificação da praça, dentro do projeto do Novo Centro. “Ali, há uma economia informal mas que funciona, gera oportunidade e emprego. A gente imaginou que era importante entregar à cidade uma Praça José de Alencar recuperada e revitalizada historicamente e ao mesmo tempo dar uma oportunidade alternativa e até melhor aos feirantes que ganham a vida na praça”, afirma o prefeito Roberto Cláudio, em entrevista ao Sistema Verdes Mares.

Sorteio
O sorteio dos boxes acontece no dia 19 de setembro. Ainda segundo o prefeito, os feirantes que não conseguirem vaga serão realocados no Beco da Poeira. Para Roberto Cláudio, o espaço garantirá aos comerciantes a ampliação de oportunidades de negócio.

“Eu preciso me reunir com a Secretaria Municipal do Desenvolvimento Econômico (SDE), com a Regional do Centro, para estabelecer como faremos uma linha de crédito para quem vai estar aqui e optar por fazer alguma mudança no seu box. Até o fim de setembro, é possível que possamos lançar o edital para que os feirantes tenham acesso a esse microcrédito subsidiado. O feirante paga só 60%, tem normalmente de seis meses a um ano sem carência e não tem juros”, afirma.

O Feirão da São Paulo tem 2.500 m² de espaço dividido em três andares. Ao todo, são 371 vagas, sendo 360 para boxes e 11 para lanchonetes. Os feirantes se tornarão permissionários do local e vão passar a pagar uma taxa mensal. Nos dias 21 e 22 de setembro, devem ser fornecidos caminhões de apoio para quem tiver maior mobiliário. Não haverá divisão por setores. 

 

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