Suspeita presa por envenenar bolo pesquisou por 'arsênio' na internet; substância foi achada nas vítimas
O composto químico pode causar intoxicação alimentar e reações similares a alergias, câncer em caso de exposição recorrente, e morte
A mulher presa, no domingo (5), suspeita de envenenar o bolo que causou a morte de três pessoas da mesma família em Torres, no Rio Grande do Sul, fez buscas na internet pelo termo "arsênio e similares", conforme o Tribunal de Justiça do Estado. A substância foi encontrada nas vítimas e, segundo a perícia, foi adicionada à farinha usada na preparação da receita.
As buscas pelo composto químico foram identificadas no celular da investigada, através da extração de dados do dispositivo. As informações constam em um relatório preliminar da Corte, segundo o portal Uol. Além de pesquisar pelo termo na internet, a mulher também fez buscas por ele na plataforma Google Shopping, que permite ao usuário procurar produtos, comparar preços e fazer compras virtuais.
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Apesar da identidade da suspeita não ter sido informada pela Polícia Civil, o portal g1 revelou que se trataria de Deise Moura dos Anjos. Ela é nora de Zeli dos Anjos, de 61 anos, quem preparou o bolo envenenado. A idosa comeu a sobremesa e está internada desde o dia 24 de dezembro de 2024.
Segundo as autoridades gaúchas, exames toxicológicos realizado nas vítimas indicaram a presença de "concentrações altíssimas de arsênio", substância pesquisada pela suspeita na internet. A perícia também apontou a existência do composto químico no bolo e na farinha usada na receita.
Ao todo, seis pessoas da mesma família passaram mal após consumir o doce e três faleceram. Foram registrados os óbitos das irmãs Neuza Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice Flores da Silva; e da filha de Neuza, Tatiana Denize Silva dos Anjos.
Zeli dos Anjos, quem preparou a sobremesa, está hospitalizada, mas não corre risco de morte. Uma criança de 10 anos e o marido de Maida também foram internados, mas receberam alta.
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Desentendimentos antigos
Deise Moura dos Anjos é moradora em Nova Santa Rita, na Região Metropolitana de Porto Alegre. No entanto, possuía uma relação conturbada com a sogra.
Ela era casada com o filho de Zeli há cerca de 20 anos. Nas redes sociais, ela se diz especialista em contabilidade, com experiências em empresas do ramo imobiliário.
Conforme o delegado Marcus Vinícius Veloso, Deise "teve a intenção de cometer o crime. Foi um crime doloso". Em coletiva, acrescentou ainda que as provas são robustas que "apontam que ela [Deise Moura dos Anjos] é a autora [dos crimes]".
No entanto, a Polícia ainda não divulgou a motivação do crime, nem os detalhes das provas. Os agentes investigam quem era o alvo de Deise.
Relembre o caso
O caso ocorreu no dia 23 de dezembro de 2024, quando a família moradora de Torres se reuniu para comer um bolo que já fazia parte da tradição natalina da casa. Segundo o delegado Marcos Vinícius Veloso, ao provarem o bolo, os familiares perceberam que o gosto estava estranho, com "sabor apimentado e desagradável". Ao notar que algo estava errado, Zeli dos Anjos, que cozinhou o bolo, ordenou que os parentes parassem de comer.
Irmã de Zeli, Neuza Denize da Silva dos Anjos, 65, morreu no mesmo dia, por choque após intoxicação alimentar. No dia seguinte, a terceira irmã, Maida Berenice Flores da Silva, de 58 anos, e a filha dela, Tatiana Denize Silva dos Santos, de 43, também faleceram.
A criança de 10 anos teve alta na última sexta-feira (3). Já a outra mulher internada que sobreviveu segue na UTI, mas com quadro estável. O marido de Maida também chegou a ser hospitalizado, mas teve alta pouco tempo após o incidente.