Margarida Bonetti, 'a mulher da casa abandonada', vem de família rica e tradicional; veja história

Apuração sobre a história que deu origem a um podcast foi feita pelo jornalista Chico Felitti

Escrito por Redação ,
Margarida Bonetti, a 'mulher da casa abandonada'
Legenda: Margarida vivia na mansão até o início da repercussão do caso nas redes sociais
Foto: reprodução/arquivo

A história do podcast 'A Mulher da Casa Abandonada' tem repercutido na internet desde que o jornalista Chico Felitti, do jornal Folha de S. Paulo, começou a apurar informações sobre o caso. Entretanto, antes disso, ele nem sequer sabia que ela era integrante de uma família rica e tradicional de São Paulo.

Margarida Bonetti, que vive na mansão abandonada em Higienópolis, é acusada de ter mantido uma funcionária em condições análogas à escravidão nos Estados Unidos e, por conta disso, aparece na lista de procurados do FBI. O crime teria ocorrido entre 1970 e a virada dos anos 2000. A casa, inclusive, recentemente foi autuada por falta de limpeza.

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Se hoje a casa onde Margarida vive está caindo aos pedaços, o histórico dela é de uma privilegiada base familiar. Chamada Margarida Maria Vicente de Azevedo Bonetti, ela é filha do médico paulistano Geraldo Vicente de Azevedo e neta de Francisco de Paula Vicente de Azevedo, este último conhecido como o Barão de Bocaina.

História do Barão de Bocaina

Francisco, que nasceu no dia 8 de outubro de 1856, foi fazendeiro, banqueiro e comerciante. Ele recebeu o título de Barão de Bocaina por meio do Imperador D. Pedro II e acabou fundando o Engenho Central de Lorena, primeiro empreendimento do gênero no Vale do Paraíba paulista.

Além disso, o homem foi diretor da Estrada de Ferro São Paulo-Rio de Janeiro e do Banco Comercial do Estado de São Paulo. Acumulou terras para plantação de café e tinha mais delas em grande extensão.

Legenda: Imagens do interior da casa foram divulgadas recentemente
Foto: reprodução/arquivo

Já em 1880, ingressou na política da cidade natal, assumiu a chefia do Partido Conservador e acabou se elegendo como vereador. Dessa forma, construiu igrejas, escolas, hotéis e casas na cidade de Campos do Jordão, desenvolvendo a região.

Com a Proclamação da República, no entanto, Francisco retirou-se da vida política, dedicando-se então apenas à lavoura e ao comércio. O Barão da Bocaina faleceu em São Paulo, aos 82 anos, no dia 17 de outubro de 1932.

Mansão do pai

Atualmente, a mulher da casa abandonada vive na mansão que pertenceu ao pai, o médico Geraldo Vicente de Azevedo. Ele e a esposa, Maria de Lourdes Danso Vicente de Azevedo, moravam no casarão em que atualmente reside Margarida.

O casal até foi conhecido pelas ações generosas, como distribuição de comida e roupas a moradores de rua, algo que vai em contraponto à história de Margarida. O pai faleceu em 1998, aos 91 anos, enquanto a mãe viveu na casa até 2007, quando faleceu aos 93. Antes do retorno da filha dos EUA, ela recebeu visita de outros filhos e, após a morte, a casa entrou em disputa judicial.

Hoje, outros dois irmãos acusam Margarida de trocar a fechadura da casa e não dar a chave a nenhum deles. Além disso, os dois não teriam contato com a irmã, segundo apurou o jornalista Chico Felitti. Anteriormente, mais de R$ 83 mil foram bloqueados das contas bancárias de Bonetti, após decisão da Justiça de São Paulo. 

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Marido de Margarida Bonetti

Segundo vizinhos, Margarida tem um filho, um professor de inglês. Já o marido, Renê Bonetti, com quem teria praticado o crime nos EUA, foi condenado a 6 anos e meio de prisão, sem direito à liberdade condicional, com pagamento de US$ 100 mil de multa. 

Atualmente, o engenheiro, que cumpriu a pena, é diretor na Northrop Grumman Corporation, uma empresa que presta serviço à Nasa.

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