Acidente da Air France 447: relembre a causa e o áudio de pilotos encontrado nas caixas-pretas
A tragédia do voo AF 447, que deixou 228 mortos, permaneceu anos cercada de mistério
Há 15 anos, precisamente no dia 1º de junho de 2009, o Brasil foi surpreendido pelo "sumiço" de uma aeronave da empresa Air France após deixar o Rio de Janeiro. O centro de controle aéreo de Dacar, no Senegal, esperava o contato do voo AF 447, em direção a Paris, mas a resposta nunca aconteceu.
A tragédia do voo AF 447, que deixou 228 mortos, permaneceu anos cercada de mistério. Muitos consideravam impossível que um avião daqueles, um Airbus A330-200, um dos mais modernos do mundo, simplesmente desaparecesse em uma rota intercontinental.
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As respostas sobre a queda vieram quase dois anos depois, quando os destroços do avião, incluindo as caixas-pretas, foram encontradas no fundo do oceano. Descobriu-se então, que, em menos de cinco minutos, um voo absolutamente normal se transformou em uma tragédia.
Quem pilotava o avião?
No dia 31 de maio de 2019, o Airbus decolou do aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio. Na cabine de comando estavam o comandante, Marc Dubois, de 58 anos, o copiloto, Pierre-Cédric Bonin, de 32 anos, e um terceiro piloto, David Robert, de 37 anos.
A presença de pelo menos três tripulantes é padrão em voos transatlânticos, para garantir que nenhum dos membros ultrapasse o limite máximo de horas de trabalho estabelecido, como medida de segurança na aviação comercial.
Após deixar solo carioca, Robert se dirigiu à área de descanso, próxima à cabine de comando. Ele retornaria ao cockpit para render o comandante Dubois poucas horas antes do acidente.
Robert era o membro da tripulação com mais horas voadas no Airbus A330. Já Bonin, que pilotava a aeronave durante o percurso, era o menos experiente. “Isso não significa que ele não podia pilotar o voo”, diz Sant’Anna. “Todos os pilotos precisam fazer tudo o que o comandante faz, eles são treinados pra isso".
Áudios dos pilotos do voo 447
No áudio, o piloto assume ter perdido o controle da aeronave. "Não tenho mais o controle do avião", disse ele, poucos minutos antes do acidente.
A caixa preta com o gravador da cabine que fez o registro foi recuperado em maio de 2011. Nele, foi possível entender que aconteceu algo fora do controle do comando da aeronave.
"Que diabos está acontecendo? Não entendo o que está acontecendo", disse o co-piloto. Em terra, um capitão notou o sinal de alerta e pediu retorno. "Ei, o que diabos você está fazendo?", questionou.
Piloto e o co-piloto não souberam o que responder. Àquele momento, eles não sabiam que os dados recebidos estavam errados. "Não tenho mais o controle do avião", assumiu o piloto. Pouco depois, a aeronave despencou.
Qual foi a causa da queda do voo AF 447?
No documentário "Rio-Paris - A Tragédia do voo 447", lançado na sexta-feira (31), um dos pontos mais discutidos da produção são as causas da queda da aeronave.
Um aparelho chamado sondas pitot, ou tubos de pitot, literalmente tubos acoplados na parte externa do avião, que medem a velocidade do avião em relação ao ar, são destacados como um dos pontos atingidos para os pilotos ficarem desorientados quanto informações importantes de velocidade.
Os dados coletados pelos tubos de pilot alimentam os computadores de bordo, os sistemas de navegação, e são usados pelo piloto automático, normalmente ativo em toda a fase de voo de cruzeiro.
Em junho de 2009, porém, sabia-se que as sondas que equipam aquele Airbus podiam, em determinadas condições, acumular cristais de gelo, impedindo a passagem do ar pelo sistema. Apesar de ser um equipamento essencial, essa falha não era considerada grave, segundo o relatório final do acidente, produzido pelo BEA — o órgão que investiga acidentes aéreos na França.
Na série, é visto que a falha era temporária, só durava poucos minutos, enquanto os sistemas anticongelamento não entravam em ação. Em seguida, quando ela ocorresse, havia um procedimento estabelecido a ser seguido pelos pilotos, que deveriam fazê-lo de memória, sem consultar nenhum manual.