Rússia promove mais de 70 ataques à Ucrânia durante madrugada enquanto países tentam negociar paz
Discussões para solucionar guerra, no entanto, não contaram com delegação russa
Pelo menos 70 ataques ao território da Ucrânia foram lançados na madrugada deste domingo (6) pelo Governo da Rússia, incluindo o uso de mísseis hipersônicos e drones, como resposta a investidas na sexta e no sábado contra um de seus navios, no Mar Negro e nas proximidades da Crimeia. As informações são do colunista Jamil Chade, do UOL.
Segundo o governo ucraniano, pelo menos três pessoas morreram nos ataques. O conjunto de ações ocorreu enquanto ministros e negociadores de cerca de 40 países - inclusive do Brasil - se reuniam na Arábia Saudita para buscar um acordo de paz entre russos e ucranianos, mas sem a presença de uma delegação russa.
Líderes europeus reconheceram a importância da integridade territorial da Ucrânia, mas as ofensivas militares dos dois lados, nos últimos dias, sinaliza que as negociações serão difíceis.
A guerra entre os dois países começou em fevereiro de 2022, depois que a Rússia invadiu o território ucraniano sob o pretexto de uma "operação militar especial".
Kiev diz que a defesa aérea do país conseguiu extinguir 30 dos 40 mísseis lançados na noite entre sábado e domingo, bem como todos os 27 drones. Contudo, os russos não confirmam esses números.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, acusou os russos de atirarem contra um centro de transfusão de sangue em Kharkiv. Por sua vez, o governo de Vladimir Putin disse que os ucranianos bombardearam uma universidade na região de Donetsk, controlada pelos russos.
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Acirramento nos últimos dias
O Kremlin russo classificou como civil o navio atacado pelos ucranianos no Mar Negro, mas o outro lado defende que o navio estava carregando combustível para tropas russas. Kiev também havia feito outro ataque no Mar Negro, na sexta-feira, atingindo o porto de Novorossiysk.
Nesse cenário, os diplomatas reunidos na Arábia Saudita tentavam estabelecer diretrizes sobre a negociação de paz entre os dois países. Porém, a reunião terminou sem uma declaração final.
O governo ucraniano insistiu num plano de paz de 10 pontos, que os russos consideram praticamente uma capitulação por exigir, antes de qualquer conversa, a retirada de todas as tropas do Kremlin do território russo.
Posição do Brasil
Celso Amorim, assessor especial da presidência do Brasil, participou do debate por videoconferência. Em discurso, ele afirmou que "o Brasil tem sido claro em sua condenação da violação da integridade territorial da Ucrânia e na defesa de todos os propósitos e princípios da Carta da ONU".
O embaixador lembrou que o presidente Lula "frequentemente expressa sua indignação" com a continuidade das mortes e da destruição em uma guerra que, em suas palavras, "nunca deveria ter ocorrido".
Para o governo federal, não haverá um fim para o conflito enquanto o governo de Vladimir Putin não esteja envolvido nos debates. "Embora a Ucrânia seja a maior vítima, se realmente quisermos a paz, temos que envolver Moscou neste processo de alguma forma", disse Amorim.