Rússia nega estar em contato oficial com Edward Snowden

A Rússia afirmou na sexta-feria (12) que ainda não recebeu contato oficial do ex-técnico da CIA Edward Snowden, que informou na sexta a intenção de pedir asilo político temporário no país.

"Não estamos em contato com Snowden", disse o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, em evento no Quirguistão, onde, segundo a agência Reuters, ele assistiu a uma reunião de ministros. As considerações do chanceler russo contradizem declarações de Snowden, responsável pelo vazamento dos programas de espionagem do governo americano.

Na quinta-feira (11), após 19 dias isolado e sem ser visto na área de trânsito do aeroporto Sheremetyevo, em Moscou, ele reapareceu em reunião com representantes de organizações de direitos humanos. No encontro, do qual também participaram parlamentares e advogados russos e a advogada inglesa Sarah Harrison, que auxilia Snowden e o site WikiLeaks, ele acusou o governo americano de violar regras internacionais de direitos humanos ao pressionar países para que lhe neguem refúgio.

À saída, fontes disseram que Snowden solicitaria formal e imediatamente o refúgio na Rússia para, depois, ir à América Latina. Bolívia, Venezuela e Nicarágua ofereceram asilo ao delator. Lavrov, entretanto, disse ontem que soube da reunião de Snowden com ativistas e figuras públicas apenas pelos meios de comunicação, "como todos os outros".

O chanceler afirmou que, sob a lei do país, os requerentes de asilo devem primeiro fazer um apelo oficial ao Serviço Federal de Migração. Porém, o diretor da agência, Konstantin Romodanovsky, disse ontem que ainda não havia recebido o pedido. As negativas russas sinalizam que o presidente Vladimir Putin pondera os danos políticos da ajuda a Snowden.

Na noite de sexta, o presidente dos EUA, Barack Obama, telefonou para Putin para discutir o assunto. Detalhes não foram revelados, mas declarações da Casa Branca sugeriram que um eventual refúgio a Snowden "levantaria preocupações" sobre as relações bilaterais entre as potências. Washington pede que Moscou devolva Snowden, acusado de vários crimes, como espionagem, que podem lhe render prisão perpétua ou até a pena de morte.

Em junho, ele começou a vazar dados sobre ações de espionagem de agências secretas do governo americano sobre cidadãos e empresas nos EUA e no mundo. Depois, Snowden revelou que o programa atinge a Europa, a Ásia e até o Brasil. Ele denunciou projetos similares de governos da Inglaterra, da França e da Alemanha.