O que é criogenia humana? Entenda como funciona procedimento que pode custar R$ 1 milhão

Congelamento de corpos promete a chance de o humano ter uma 'segunda vida' - mas nunca reviveu nenhum paciente

Escrito por Redação ,
Laboratório de criogenia
Legenda: Corpos são mantidos em recipientes de vidro, sob temperatura baixíssimas
Foto: Shutterstock

Desde a antiguidade, os seres humanos buscam uma forma de vencer a morte. Um dos métodos explorados para conquistar esse objetivo é a criogenia humana, processo que promete a chance de viver uma “segunda vida”. O preço da nova oportunidade, porém, costuma ser alto, podendo chegar a R$ 1 milhão.

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Ainda sem eficiência comprovada, o método consiste em congelar corpos após a morte, em uma tentativa de mantê-los conservados até que, em algum momento no futuro, possam ser revividos

Apesar de parecer um processo existente apenas em obras de ficção científica, a técnica está sendo desenvolvida em diversas empresas pelo mundo, como mostrou o Fantástico exibido nesse domingo (6).

Em uma delas, localizada no estado do Arizona, nos Estados Unidos, cerca de 200 corpos são mantidos a 196 °C negativos. O país norte-americano ainda apresenta outros três empreendimentos focados na tecnologia.

COMO A CRIOGENIA FUNCIONA?

Nomeada em homenagem ao deus egípcio dos mortos, a técnica funciona da seguinte forma:

  • Assim que o indivíduo morre, ele tem que ser colocado em um banho de gelo e levado imediatamente para uma clínica que aplica a tecnologia;
  • No local, ele será colocado em uma máquina, que fará o sangue circular novamente enquanto os profissionais resfriam ainda mais o corpo;
  • Em seguida, o individuo é transferido para outro ambiente, onde o sangue é substituído por uma substância que protege as células na hora do congelamento;
  • Por fim, o corpo é colocado em um grande frasco de nitrogênio líquido.

CUSTO ALTO

O Fantástico mostrou que o desenvolvedor de software Vinicius Vilela, de 29 anos, está investindo alto na criogenia. Natural de Osasco (SP), o brasileiro, que atualmente mora no Canadá, está pagando cerca de R$ 1 milhão para ter o corpo preservado após a morte.

“Desde adolescente, sempre fui uma pessoa bem apegada à vida, digamos assim. Sempre fiz esse tipo de pesquisa, em [que busco] como eu posso ter mais longevidade, como eu posso ser saudável o suficiente para poder continuar vivendo essa vida maravilhosa”, contou ao programa.

Caso o cliente busque uma opção "mais em conta", a empresa contratada por Vinicius oferece a opção de congelar apenas a cabeça, por aproximadamente R$ 390 mil

Os preços salgados não assustaram alguns nomes conhecidos. De acordo com a revista Galileu, a lista de celebridades que decidiram aderir ao método conta com o astro do beisebol Ted Williams (1918 – 2002), o físico Robert Ettinger (1918 – 2011) e o programador Hal Finney (1956 – 2014), pioneiro do ramo dos bitcoins.

SEM COMPROVAÇÃO CIENTÍFICA

Os indivíduos que decidirem contratar os serviços devem estar cientes de que o método, até o momento, não reviveu nenhum paciente e nem apresenta uma forma segura e eficaz de descongelar os corpos, como explicou Linda Chamberlain, cofundadora da empresa norte-americana Alcor, à revista Galileu.

“Pesquisas recentes mostram que amostras pequenas do cérebro podem ser vitrificadas e reaquecidas sem danificar sua estrutura. O desafio agora é aplicar esse conceito em algo tão grande como o corpo humano”, disse. 

Sem resultados comprovados, a técnica não convence o diretor clínico do Centro de Criogenia Brasil (CCB), Carlos Alexandre Ayoub, que não acredita que a criogenia humana possa ser eficaz algum dia. 

“Quer ser 'criopreservado'? Então, seja em vida. Caso contrário, ninguém vai conseguir preservar sua memória. Se Einstein tivesse sido congelado e, anos depois, voltasse à vida, não saberia explicar o que é a Teoria da Relatividade”, defende.

Fundado em 2003, o CCB atua coletando e "criopreservando" células-tronco do sangue do cordão umbilical.

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