“Você nunca será esquecida”, diz irmã de Alana em missa de sétimo dia
A estudante morreu após ser baleada dentro da residência de um empresário, em Fortaleza. O DHPP investiga o caso
Este domingo (28) marcou o sétimo dia da morte da estudante Alana Beatriz do Nascimento Oliveira. Familiares homenagearam a jovem de 25 anos, em uma missa realizada em Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), e transmitida pela rede social Facebook. O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil do Ceará (PCCE), continua a investigar o caso.
A missa foi promovida pela instituição Pequeno Cotolengo e marcou também o Domingo de Ramos, celebração da Igreja Católica. No fim da missa, a irmã de Alana, Vitória Oliveira, discursou sobre a perda da irmã e a saudade que a família sente.
"Minha querida irmã, hoje celebramos o sétimo dia da sua partida. Nada desse mundo é capaz de explicar, com palavras, a dor que estamos vivendo. Você foi vítima da maldade desse mundo. E o Senhor, em sua infinita misericórdia, te protege e te ampara", disse Vitória, emocionada e vestindo uma blusa com a fotografia de Alana.
"Eu te prometo, minha princesa, que viverei com você em meu coração. você nunca será esquecida. Todos os dias falarei das suas histórias para sua sobrinha, tão amada por você. Cuidarei da nossa mãe e do nosso pai, como se você estivesse aqui. Descanse em paz", continuou.
Alana morreu após ser baleada dentro da residência do empresário David Brito de Farias, no bairro Luciano Cavalcante, em Fortaleza, no dia 21 de março último. A família acredita que ela foi vítima de feminicídio. Mas a defesa de David rebate que a arma, que era de posse do empresário, disparou acidentalmente. Ele se apresentou à Polícia Civil na última segunda-feira (22), entregou a arma e foi liberado.
Imagens de câmera
Vídeos exclusivos, obtidos pelo Diário do Nordeste, mostram uma intensa movimentação na casa do empresário David Brito após a estudante Alana Beatriz Oliveira ser baleada. As imagens mostram um espaço de tempo de ao menos 1h10min, sem a jovem ser socorrida.
Questionada sobre as imagens, a defesa de David, representada pelo advogado Leandro Vasques, afirmou que "não vê relevância alguma no fato do investigado ter retornado ao local, afinal é a residência dele, mas ele retorna a pedido da irmã dele que para lá se deslocou para aguardar a chegada do socorro médico. Inclusive na data de hoje (última sexta-feira, 26) a irmã do empresário está prestando depoimento e esclarecendo esse detalhe. Um homem que aparece seria um vigia que também não tem relevância na pesquisa do fato".
Versões do caso
Segundo os advogados da família da estudante Alana, Daniel Queiroz de Souza e Raymundo Nonato da Silva Filho, não há indícios de tiro acidental. "O que eu posso afirmar, por ora, é que há indícios de que não foi um disparo acidental, uma vez que o mesmo é praticante de tiro esportivo e ostenta armas de fogo nas redes sociais. Nessas páginas, que foram desativadas, ele informa que é um atirador assíduo", resume Queiroz.
Outro ponto rebatido pela família da estudante, acerca da tese apresentada por David, é de que o empresário não conhecia Alana. Segundo familiares, a jovem era ex-estudante do curso de idiomas o qual David é sócio-proprietário.
"Estamos juntando documentos que comprovam que aquela versão que foi dada pelo David de que eles se conheceram na noite anterior não condiz com a verdade", aponta Daniel Queiroz.
A defesa de David Brito de Farias conta que o empresário e a estudante se conheceram no último sábado (20), que estavam sob "absoluta harmonia sem qualquer rusga" e que o tiro aconteceu "acidentalmente", no momento em que a jovem pediu para ver a arma.
Segundo o advogado Leandro Vasques, a arma é de um modelo que tem apresentado diversos episódios de problemas técnicos, que levam a disparos acidentais.
"A propósito, oportunamente iremos apresentar petição à Autoridade Policial para que a investigação examine de forma criteriosa, do ponto de vista técnico-científico, a mecânica da arma de fogo envolvida no infortúnio, tendo em vista os inúmeros e frequentes casos de acidentes por disparos acidentais envolvendo pistolas da mesma marca daquela pertencente legalmente ao nosso constituinte, muitos deles largamente noticiados na imprensa".