Viagens sexuais ocorrem há anos

Escrito por Redação ,
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Foto: Arquivo
O combate ao turismo sexual em Fortaleza não começou recentemente. Pelo contrário, o primeiro passo foi dado com a instalação da Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI ) de Prostituição Infantil em 1993. Já em 11de setembro de 2001, a CPI instalada na Câmara Municipal de Fortaleza foi instalada para apurar esse fato no Ceará.

Em 20 de outubro daquele mesmo ano, duas mulheres foram presas por aliciamento de meninas, por policiais da Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Dececa). Estavam na Avenida da Abolição, no Meireles, sendo acusadas de agenciamento de garotas para a prática da prostituição, além de levá-las a outros crimes como furto e consumo de drogas. As acusadas, Francisca Adriana da Silva, 21 anos, a ‘Paula’, e Antônia Ribeiro da Silva, 27, tiveram prisão preventiva decretada pela Justiça, que atendeu ao pedido da Polícia. No momento da prisão, as duas mulheres estavam acompanhadas de quatro adolescentes que, além de serem exploradas, sofriam ameaças e agressões. As duas acusadas foram indiciadas por crime de ‘exploração sexual de criança e adolescente’, previsto no artigo 244-A do Estatuto da Criança e do Adolescente, cuja pena vai de quatro a dez anos de reclusão.

A CPI do Turismo Sexual, em 3 de janeiro de 2002, ouviu mais dois acusados: a cearense Áurea Tomé de Lima (condenada pela Justiça a três anos de prisão sob a acusação de agenciar meninas em programas com turistas estrangeiros) e o italiano Luigi Miraglia, acusado de integrar uma rede de distribuição de fotos pornográficas com menores.

Um dia depois, uma das peças-chave da investigação desta CPI foi ouvida na Câmara Municipal. Tratou-se do empresário italiano Ricardo Barberes, condenado pela 12ª Vara Criminal a três anos de reclusão, cuja sentença encontrava-se em grau de recurso no Tribunal de Justiça, chegou à sede do legislativo municipal acompanhado por três advogados. Em seu depoimento, Barberes admitiu a compra de 18 apartamentos em um flat na Avenida Beira-Mar, dos quais 17 estavam em nome de sua filha italiana e quatro, conforme afirmou, foram vendidos à sócia e ex-administradora dos apartamentos, Áurea Tomé de Lima. Ele negou que tivesse envolvimento com a rede de exploração sexual.

MAIS UM - Outro italiano ouvido pela CPI, em 10 de janeiro de 2002, foi Marco Farioli, citado no depoimento de Ricardo Barberes. Assim como Barberes, Farioli relatou à Comissão que possuía em Fortaleza locação de imóveis na Avenida Beira-Mar, dois deles localizados no Atlântico Residence e dois no Fortaleza Flat. Ele também negou todas as acusações ou envolvimento em agenciamento de menores.

No dia 15 de março de 2002, o relatório da CPI do Turismo Sexual foi aprovado na Câmara Municipal de Fortaleza. Nele sete pessoas, quatro italianos e três brasileiros, são apontados como integrantes das redes de agenciamento do turismo sexual. A confirmação da existência de uma grande rede de exploração sexual de adolescentes no Ceará veio com os depoimentos do ex-cabeleireiro Francisco de Assis Marques Aguiar e do empresário alemão Hagen Erick Andréas Thuran. Os dois falaram à CPI mista do Congresso Nacional no dia 1º de junho de 2004. A Secretaria de Turismo do Ceará cancelou o vôo charter de Milão para Fortaleza.

Em outubro deste ano, a Polícia Federal (PF) desarticulou uma quadrilha internacional acusada de comandar o turismo sexual em Fortaleza e no Recife. A quadrilha aliciava mulheres cearenses para exploração sexual na Alemanha.

Por meio de um site na Internet, o alemão Frank Oliver Günther vendia pacotes para seus compatriotas. Ainda foi presa sua esposa, Francisca Cristiane Lima de Oliveira e as acusadas de aliciamento: Marisa Santos de Santana, Rosilene Maria da Silva e Fabiana Santos Mendonça.

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