Veículos, imóvel de luxo e empresas fantasmas: como o cearense 'Padrinho' lavava dinheiro do tráfico

Investigações da Polícia Civil do Distrito Federal apontam que o megatraficante movimentou ao menos R$ 16 milhões, nos últimos anos

Escrito por Messias Borges , messias.borges@svm.com.br
R$ 2,5 milhões teriam sido gastos por 'Padrinho' para a compra de um terreno em Juazeiro do Norte e para a construção de um imóvel luxuoso
Legenda: R$ 2,5 milhões teriam sido gastos por 'Padrinho' para a compra de um terreno em Juazeiro do Norte e para a construção de um imóvel luxuoso
Foto: Divulgação/ PC-CE

Uma investigação da Polícia Civil do Distrito Federal (PC-DF) descobriu que o cearense Cícero da Silva Oliveira, conhecido como 'Padrinho', de 42 anos, era um megatraficante, que servia a várias facções criminosas no Brasil, e que realizava a lavagem de dinheiro do tráfico de drogas com a compra de veículos e imóveis luxuosos e com empresas fantasmas.

Conforme uma fonte da Polícia Civil do Ceará (PC-CE), que participou da Operação Il Padrino, deflagrada nesta quinta-feira (4), Cícero Oliveira gastou ao menos R$ 10 milhões na compra de veículos de luxo, como um Jaguar, um BMW 320, dois Land Rover Velar, um Dodge Ram, uma SW4 e uma Toyota Hilux.

'Padrinho' foi preso em um imóvel luxuoso, em um condomínio de alto padrão, em Juazeiro do Norte
Legenda: 'Padrinho' foi preso em um imóvel luxuoso, em um condomínio de alto padrão, em Juazeiro do Norte
Foto: Divulgação/ PC-CE

A maioria dos automóveis era comprada no nome de um 'laranja', que trabalha como pedreiro e que sequer ia às concessionárias de veículos, segundo a investigação. A PC-DF apura a participação dos estabelecimentos que vendiam os carros luxuosos, sem realizar notificações obrigatórias às autoridades legais e sem cautelas necessárias para evitar a ocultação de bens.

Mais R$ 2,5 milhões teriam sido gastos por 'Padrinho' para a compra de um terreno em Juazeiro do Norte e para a construção de um imóvel luxuoso, dentro de um condomínio de alto padrão, que foi registrado no nome da companheira dele. Apesar de liderar uma facção no Distrito Federal, o criminoso preferiu morar na sua terra natal.

Imóvel de alto padrão era duplex e tinha piscina
Legenda: Imóvel de alto padrão era duplex e tinha piscina
Foto: Divulgação/ PC-CE

VEJA VÍDEO DA OPERAÇÃO:

 

Os investigadores levantaram ainda que o cearense utilizava empresas fantasmas, com endereços em Minas Gerais e no Tocantins, para realizar lavagem de dinheiro. Somente para uma das empresas, ele teria enviado R$ 3 milhões.

O dinheiro chegava para 'Padrinho' nas contas de várias pessoas. A Polícia Civil do Distrito Federal identificou remessas que totalizaram pelo menos R$ 890 mil, entre março de 2020 e janeiro de 2022.

R$ 16 milhões
foi o valor movimentado por Cícero da Silva Oliveira, entre compras de bens luxuosos, remessas para empresas fantasmas e recebimentos, descoberto pela investigação. Mas a suspeita da Polícia é que o verdadeiro valor seja bem maior, já que ele tinha uma vasta teia de 'laranjas'.

Alvos da operação policial

A Operação Il Padrino foi deflagrada para cumprir 14 mandados de prisão temporária e 80 mandados de busca e apreensão, nos estados do Distrito Federal, Ceará, Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro, Tocantins, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais.

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Participaram da Operação as polícias civil do Ceará, do Distrito Federal, de Goiás (PCGO), do Mato Grosso do Sul (PCMS), de Minas Gerais (PCMG), de São Paulo (PCSP), do Rio de Janeiro (PCRJ) e de Tocantins (PCTO), além de servidores da Força-Tarefa de Combate ao Crime Organizado no Estado do Ceará, da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Receita Federal. Cerca de 300 policiais atuaram na operação em todo território nacional.

Suspeitos também possuíam motocicletas luxuosas
Legenda: Suspeitos também possuíam motocicletas luxuosas
Foto: Divulgação/ PC-CE

No Ceará, foram presos 5 suspeitos, em Juazeiro do Norte e em Araripe, na Região do Cariri; e foram apreendidos aparelhos eletrônicos, uma pistola, munições, joias, dinheiro e 12 veículos (sendo oito carros e quatro motocicletas).

"As investigações apuraram ainda que os suspeitos estão envolvidos com o tráfico interestadual de cocaína e lavagem de dinheiro por meio da compra de veículos e casas de luxo. Também foi constatado que os suspeitos utilizavam empresas fictícias para a movimentação financeira do esquema criminoso. O grupo teria atuação no Ceará, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Tocantins", descreveu a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS).

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