Quem é 'Cachorro louco', policial réu por matar mulher a mando de empresário e investigado pela CGD

A vítima, Mayara Farias Barbosa, foi morta enquanto trabalhava, em um espetinho no bairro Jardim Guanabara

Escrito por Emanoela Campelo de Melo , emanoela.campelo@svm.com.br
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Legenda: A vítima foi morta enquanto trabalhava
Foto: Reprodução
A Controladoria Geral de Disciplina (CGD) instaurou processo administrativo disciplinar para apurar a conduta do policial militar, soldado Daniel de Sousa Moreira. O praça foi denunciado pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) como executor da morte de uma mulher, a mando de um empresário.
 
Na denúncia, o MP diz que Daniel é conhecido como 'Cachorro Louco' e foi contratado por Reginaldo de Brito Carneiro, o 'Lourão' "porque o empresário estava insatisfeito pelo fato de a vítima, sua ex-funcionária, ter movido uma ação trabalhista contra a empresa do réu".
 
A CGD considera que existem indícios de materialidade e autoria passíveis para apuração do órgão. Conforme publicado no Diário Oficial do Estado (DOE) dessa segunda-feira (7), a finalidade do processo é "apurar as condutas transgressivas, bem como a incapacidade deste para permanecer nos quadros da Corporação Militar a qual pertence".

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GRUPO DE WHATSAPP PARA ALUGAR ARMAS

Conforme a Controladoria, o MP "asseverou que durante as investigações policiais foram pedidas e deferidas medidas cautelares, que reforçam o envolvimento do mandante do crime com o soldado em tela e constatou-se que o soldado integra um grupo de WhatsApp de policiais que presta serviços de segurança em horários de folga, onde inclusive o mesmo oferece duas armas para serem alugadas, tendo uma delas sido encontrada e apreendida durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão".
 
A vítima, Mayara Farias Barbosa, foi morta enquanto trabalhava, em um espetinho no bairro Jardim Guanabara. 

Veja o vídeo do crime:

 
A acusação indica que ela foi surpreendida pela repentina chegada ao local de dois indivíduos em uma moto vermelha, tendo o garupeiro descido, adentrado ao estabelecimento e se dirigido até a vítima e, de inopino, efetuado disparos de arma de fogo contra Mayara, tendo sido apurado que o condutor da citada moto era soldado Daniel".
 
Reginaldo foi denunciado pelo Ministério Público no dia 31 de janeiro deste ano, por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, mediante promessa de recompensa e por circunstância que dificultou a defesa da vítima) e Daniel, por homicídio duplamente qualificado (mediante promessa de recompensa e por circunstância que dificultou a defesa da vítima). A 5ª Vara do Júri de Fortaleza recebeu a denúncia e os acusados viraram réus, em fevereiro de 2023.

DEMISSÃO E NOVO EMPREGO

Mayara foi demitida do bar no Quintino Cunha um mês antes do crime e logo conseguiu o outro emprego. Ao tomar conhecimento da ação trabalhista na Justiça, o réu Reginaldo de Brito foi ao restaurante em que a ex-empregada estava trabalhando "para denegrir a imagem de Mayara perante o atual empregador", segundo a denúncia do MPCE.
 
"Chama atenção, ainda, a existência de relato no sentido de que outro ex-funcionário também já havia movido ação trabalhista contra Reginaldo e foi por este ameaçado de morte. Referido funcionário teria chegado a se mudar de bairro com medo de as ameaças se concretizarem", disse o MP.
 
Na denúncia, o Ministério Público acrescenta que "em medidas cautelares deferidas por esta 5ª Vara do Júri, constatou-se que cerca de 25 min (minutos) após o fato, Reginaldo recebeu em seu celular o vídeo da execução do crime". E ainda que os dois réus presos mantiveram contato telefônico na manhã de 13 de maio último, poucas horas após o crime.
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