Polícia tem mais 90 dias para concluir investigação sobre morte de médica no Porto das Dunas

Mulher tinha hematomas no corpo e cocaína no sangue, segundo as investigações

Escrito por Messias Borges , messias.borges@svm.com.br
A médica passou mal e morreu na frente de policiais militares, que atendiam uma ocorrência de desordem, em um flat no Porto das Dunas
Legenda: A médica passou mal e morreu na frente de policiais militares, que atendiam uma ocorrência de desordem, em um flat no Porto das Dunas
Foto: Reprodução

A Polícia Civil do Ceará (PC-CE) ainda não tem uma conclusão sobre a morte suspeita da médica Hellen Cristina Lopes Sales Rocha, de 27 anos, ocorrida há dois meses, no Porto das Dunas, em Aquiraz, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).

O prazo final do Inquérito Policial foi estendido em 90 dias, por decisão da Justiça Estadual, proferida no último dia 20 de outubro, após pedido do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e apoio do Ministério Público do Ceará (MPCE). Com isso, os investigadores terão até janeiro de 2023 para apresentar o Relatório Final.

Hellen Cristina passou mal e morreu na frente de policiais militares, que atendiam uma ocorrência de desordem, em um flat no Porto das Dunas, no dia 13 de setembro deste ano. Moradores do condomínio relataram aos PMs que ela e o namorado (um professor) brigavam e faziam muito barulho.

Quando o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou ao local, a médica já estava sem vida. O professor - que não terá a identidade divulgada, porque não foi indiciado pela Polícia ou preso, até a publicação desta matéria - é investigado por participação na morte.

Conforme documentos obtidos pelo Diário do Nordeste, a Polícia Civil considerou, na abertura do Inquérito, que o "referido cadáver apresentava sinais de violência, o que denota a possibilidade do falecido (a mulher) haver sido vítima de crime doloso contra a vida".

O companheiro da médica alegou, em depoimento prestado à Polícia Civil, que ela estava ferida em razão de ter colidido um veículo com um muro do condomínio - poucos dias antes da morte - em outra ocasião em que ela teria utilizado drogas.

Cocaína foi encontrada no corpo da médica

Questionada sobre a investigação, a Polícia Civil informou, por nota, que a 1ª Delegacia do DHPP "segue em diligências com foco em concluir um inquérito policial que investiga uma morte suspeita registrada em 13 de setembro deste ano, em uma residência situada em Aquiraz - Área Integrada de Segurança 13 (AIS 13) do Ceará". "Até o momento, 15 pessoas já foram ouvidas. Os trabalhos policiais estão em andamento", completou.

Testemunhas do Inquérito (vizinhos, familiares e amigos da médica e do companheiro dela) afirmaram à Polícia que Hellen e o namorado - que tinham um relacionamento há apenas três meses - utilizavam drogas com frequência. Exames periciais realizados pela Perícia Forense do Ceará (Pefoce) no sangue e na urina da médica comprovaram a presença de cocaína no corpo dela.

Porém, a família de Hellen Cristina Lopes Sales Rocha acredita que ela foi vítima de feminicídio, em razão dos ferimentos que ela tinha no corpo, e espera que o companheiro dela responda pelo crime.

"Eu não durmo nada desde que ela morreu. Eu não tenho nenhuma dúvida que minha filha foi vítima de feminicídio. No dia do acidente (com o carro), minha filha teve a boca tapada por ele, e ele dizia 'cale a boca'. Tem testemunha. Ela também já tinha aparecido com manchas no pescoço. Ele também cometia violência psicológica, porque não deixava ela se separar dele. Eu quero justiça", clama a mãe de Hellen, a enfermeira Régia Rocha.

"A gente tá acompanhando, para ajudar a defender o interesse da família da Hellen. Fornecemos à Polícia o endereço e o nome de pessoas que podem ajudar a esclarecer o fato. A família está inquieta porque quer justiça e que ele (companheiro) vá para júri popular", corrobora o advogado da família da médica, Delano Cruz.

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