PM que matou amigo badernava na cidade e intimidava população, diz Polícia Civil do Ceará

A Justiça Estadual decretou a prisão preventiva do policial militar, que alegou que a vítima já tinha tentado matá-lo

Escrito por Messias Borges , messias.borges@svm.com.br
Policial mata homem a queima-roupa, em Barro
Legenda: Policial mata homem a queima-roupa, em Barro
Foto: Reprodução/Redes sociais

Um relatório da Polícia Civil do Ceará (PC-CE) aponta que um policial militar, preso em flagrante na última sexta-feira (31) por matar um amigo, costumava "badernar na cidade do Barro" e intimidar a população. A Justiça Estadual decretou a prisão preventiva do PM, neste domingo (2).

O juiz do Plantão do 1º Núcleo Regional acatou os pedidos da Delegacia Regional de Jaguaribe e do Ministério Público do Ceará (MPCE) para converter a prisão em flagrante do soldado da Polícia Militar do Ceará (PMCE) Hilquias Coelho Ferreira, de 35 anos, por suspeita de cometer o homicídio contra Carlos Anderson da Silva Mariano, 32. 

A Delegacia Regional de Jaguaribe afirmou, no relatório enviado à Justiça e obtido pelo Diário do Nordeste, que o policial militar "se utiliza do cargo para badernar na cidade do Barro, já sendo velho conhecido da população e dos policiais civis e militares".

Ele, inclusive, intimida a população, tendo o costume de, ao beber em locais públicos, colocar sua arma na mesa à vista de todos (como ocorreu no momento do homicídio)".
Delegacia Regional de Jaguaribe
Em relatório

A investigação preliminar da Polícia Civil, baseada no relato de uma testemunha, aponta que Hilquias e Carlos utilizavam bebidas alcoólicas, em uma churrascaria, quando o PM tirou uma arma de fogo do seu carro e colocou na mesa onde eles estavam.

Carlos não teria gostado e decidiu guardar a arma no veículo do militar, que se chateou com a atitude. Hilquias foi até o automóvel, pegou de novo a arma e atirou contra a cabeça da vítima, que estava de costas. O crime foi filmado por câmeras de segurança da região.

Veja o crime (alerta de imagens fortes):

O policial fugiu em seguida, abandonou o seu carro na BR-116 após sofrer um acidente e pediu uma carona até o Município de Jaguaribe, onde foi preso por colegas de farda da Polícia Militar. A pistola Ponto 40 utilizada no crime, 19 munições e carregadores foram apreendidos com o suspeito.

Ao decretar a prisão preventiva, o juiz plantonista considerou que "há a necessidade que essa medida tenha como propósito preservar a garantia da ordem pública e econômica, assegurar a aplicação da lei penal e/ou garantir a eficiência dos trabalhos de investigação policial e instrução criminal, quando demonstrado que quaisquer desses elementos possam ser colocados em risco com a liberdade do representado".

O soldado Hilquias já respondia a investigações por deserção, ameaça e porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, segundo a decisão judicial.

Veja também

PM alega que vítima tentou matá-lo

O soldado Hilquias Coelho Ferreira afirmou, em interrogatório na Delegacia Regional de Jaguaribe, que não sabia que Carlos Anderson da Silva Mariano tinha morrido e contou que a vítima tentou matá-lo há dois anos, mas não conhece a motivação.

Na audiência de custódia, a defesa de Hilquias pediu pela sua liberdade provisória sem fianças, ao alegar que a prisão em flagrante do PM foi ilegal, pois "é evidente que o autuado não foi preso por ter sido perseguido, logo após, o suposto cometimento do delito, haja vista que está claro conforme os depoimentos carreados ao auto de prisão que o acusado foi avistado por acaso por um policial à paisana que tomava café da manhã na rodoviária da cidade de Jaguaribe".
.

A defesa sustentou ainda que o policial militar é "primário, portador de bons antecedentes, conforme Certidão de Antecedentes, além disso possui atividade lícita como policial militar do Estado do Ceará, bem como possui residência fixa, família constituída".

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.
Assuntos Relacionados