Pai denuncia ato de racismo contra filho em shopping de Fortaleza; polícia investiga

Crime teria sido cometido por uma funcionária de um stand de queijos

Escrito por Redação , seguranca@svm.com.br
As investigações estão a cargo do 15º Distrito Policial. Diligências estão em andamento visando a elucidação dos fatos, segundo a Polícia Civil
Legenda: As investigações estão a cargo do 15º Distrito Policial. Diligências estão em andamento visando a elucidação dos fatos, segundo a Polícia Civil
Foto: Reprodução/ Google Maps

Um adolescente de 12 anos, negro, teria sido vítima de racismo, cometido por uma funcionária de um stand de queijos, dentro de um shopping localizado no bairro Papicu, em Fortaleza. O caso foi denunciado pelo pai dele e é investigado pela Polícia Civil do Ceará (PC-CE).

Meu filho nem gosta de confusão. Mas ele tem que saber que a gente protege ele, que a gente não é conivente com isso. Não só por causa dele, mas por conta de várias outras pessoas que passam por isso todo dia. Ele não foi a primeira pessoa, mas eu queria que ele fosse a última."
Nílbio Thé
Servidor público

O pai da vítima, o servidor público Nílbio Thé, narra que o crime ocorreu no dia 30 de julho deste ano, mas o filho revelou aos pais somente dias depois. O adolescente e o irmão mais novo estavam no shopping Rio Mar Fortaleza, acompanhados da mãe - que estava ocupada em uma loja feminina - quando decidiram pedir uma degustação no stand do Empório Gaúcho, que participava da Feira Internacional de Artesanato e Decoração (Feincartes).

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"Pela primeira vez na vida, aconteceu isso com eles, não serem bem atendidos. Segundo o meu filho mais velho, que foi o protagonista, a moça foi meio rude com ele. Eles foram até um stand de queijos que eles conheciam e sabiam que tinha degustação. Solicitaram um queijo, porque eles gostam e conhecem queijo. E a moça disse 'eu não posso dar, você sabe disso, você não me peça, que o segurança não deixa'", detalha Thé.

O servidor público afirma que o episódio deixou o filho constrangido e mais introspectivo. Antes do episódio, o adolescente era acostumado a entrar em lojas, conversar com vendedores e pedir para conhecer ou experimentar algo. Desde então, o pai luta pela culpabilização dos responsáveis pelo caso de racismo.

Veja relato do pai da vítima:

A Polícia Civil do Ceará informou que "o fato foi noticiado por meio de um Boletim de Ocorrência (BO) no último dia 23 de agosto. As investigações estão a cargo do 15º Distrito Policial (15º DP). Diligências estão em andamento visando a elucidação dos fatos".

"A população pode contribuir com as investigações repassando informações que auxiliem os trabalhos policiais. As informações também podem ser encaminhadas para o número 181, o Disque-Denúncia da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), ou para o (85) 3101-0181, que é o número de WhatsApp, por onde podem ser feitas denúncias via mensagem, áudio, vídeo e fotografia. As informações podem ser encaminhadas ainda para o telefone (85) 3101-1137, do 15º DP. O sigilo e o anonimato são garantidos", ressaltou a PC-CE.

Shopping lamenta episódio

O Shopping Rio Mar Fortaleza lamentou, em nota, o caso de racismo ocorrido dentro das suas dependências. "Ao ter o caso registrado no Serviço de Atendimento ao Cliente, o shopping, de imediato, orientou o consumidor e fez a intermediação entre ele e o operador da Feira, locatário do shopping e responsável pela gestão dos stands", afirma.

É inquestionável que atos de racismo não devem ser tolerados em nenhuma esfera da sociedade. Inclusive, trabalhamos constantemente por meio de nosso Comitê de Inclusão e Diversidade a importância do respeito a todos os que frequentam o shopping."
Shopping Rio Mar Fortaleza
Em nota

Já o Empório Gaúcho não foi localizado pela reportagem para comentar a denúncia.

Entretanto, o servidor público Nílbio Thé esperava que o Shopping informasse quem foi a funcionária que cometeu racismo contra o seu filho, a qual já foi demitida pelo Empório Gaúcho, segundo ele.

"A gente entrou em contato com o shopping algumas vezes, eu falei com a produtora da Feira, com a dona do shopping. Elas me atenderam muito bem, as pessoas do shopping também, mas a resolubilidade disso, na pessoa jurídica do shopping, que alega não poder fornecer para mim os dados da agressora, da criminosa que discriminou racialmente os meus filhos, não dão", critica Thé.

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