Capitão da PMCE é indiciado por tentar matar vizinho após discussão política em Fortaleza
O caso aconteceu dentro de um condomínio residencial, na Messejana. Saiba como começou a discussão
Um capitão da Polícia Militar do Ceará (PMCE) foi indiciado por tentativa de homicídio e porte ilegal de arma de fogo. O oficial é suspeito de alvejar a tiros um vizinho. Constam em documentos que a reportagem teve acesso que o crime teve motivação política e aconteceu na Messejana, no dia 30 de outubro de 2022, data do 2º turno das eleições para presidente no Brasil.
[Atualização: 29/12/2022, às 14h39] A vítima dos disparos do capitão da Polícia Militar procurou o Diário do Nordeste para dizer que, na verdade, ele é corretor de imóveis e não oficial do Exército Brasileiro, como informava esta matéria. No caso, o oficial do Exército é o pai dele - que não foi vítima do atentado, nem estava no local. A reportagem se baseou no Inquérito Policial, em que policiais militares que atenderam a ocorrência informaram à Polícia Civil do Ceará (PC-CE) que a vítima era oficial do Exército.
Nessa quinta-feira (10), a Controladoria Geral de Disciplina (CGD), segundo publicou no Diário Oficial do Ceará, instaurou um conselho de justificação com a finalidade de apurar as condutas transgressivas atribuídas ao oficial da Corporação, "bem como a sua incapacidade para permanecer na situação de inatividade da Polícia Militar do Ceará". O suspeito segue detido.
A Delegacia de Assuntos Internos (DAI) indiciou o PM no último dia 7 deste mês. Não há informações sobre o atual estado de saúde da vítima.
A CGD destacou que, supostamente, o principal motivo da briga que ensejou os disparos foi uma discussão política, decorrente da retirada de alguns adesivos e bandeiras de veículos por parte do oficial preso. A vítima teria presenciado a ação ocorrida dentro do próprio prédio onde residiam e reclamado com o porteiro do condomínio.
A reportagem não localizou a defesa do capitão indiciado.
DETALHES DA OCORRÊNCIA
A reportagem do Diário do Nordeste teve acesso a documentos onde constam detalhes da ocorrência. O capitão contou na delegacia que por volta das 00h30 do dia 30 de outubro chegou ao condomínio e foi chamado por amigos do prédio a beber. Recusou o convite para ingerir bebida alcoólica porque estaria tomando remédios, mas ficou na companhia dos colegas.
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Um dos amigos, já embriagado, teria proposto que ele e aos demais que arrancassem bandeiras e adesivos do carro dos condôminos que estavam com a bandeira do PT. O suspeito aceitou a sugestão. Instantes depois ele foi visto pela vítima segurando uma bandeira rasgada do PT e alguns adesivos.
A vítima teria repreendido e eles começado a discutir. Testemunhas falam que o capitão vítima foi ameaçado e confrontou o desafeto o desafiando a atirar. Foi quando aconteceram os disparos.
Neste momento, o policial militar teria sacado a arma e efetuado o primeiro disparo. Mesmo já tendo atingido a vítima, efetuou mais dois disparos. A vítima foi socorrida por familiares e o suspeito fugiu do local do crime.
O PM passou a ser procurado e teve o carro interceptado já em Aquiraz. Ele foi conduzido à delegacia onde prestou esclarecimentos sobre o fato. Já diante aos investigadores, o policial militar confessou em depoimento que é eleitor do Bolsonaro e que "retirou a bandeira do PT pelo fato do dono do carro esbanjar riqueza".
Ele disse ainda não negou ter efetuado os disparos e entregou a arma de fogo usada na ação
ANDAMENTO DO PROCESSO
O advogado do capitão detido anexou ao processo pedido de prazo para enviar documento que, segundo a defesa, comprova que o seu cliente não tinha capacidade mental para passar por audiência de custódia. No entanto, a audiência aconteceu no dia seguinte.
Na sessão, o Ministério Público do Ceará requereu a conversão do flagrante em prisão preventiva "para garantir a ordem pública diante da gravidade da conduta do flagranteado". A defesa do PM chegou a requerer a sua conversão em prisão domiciliar alegando ser necessária para estar associada à tratamento ambulatorial, "diante do problema de saúde" supostamente tido pelo suspeito.
Mas o juiz decidiu que o capitão deve permanecer preso: "embora o acusado seja Capitão da Polícia Militar, de quem se espera uma maior responsabilidade e cautela, tentou contra a vida de seu vizinho e por um motivo banal, além de não ter prestado socorro à vítima. Assim, essas circunstâncias demonstram a periculosidade do acusado e seu desapreço pela vida humana a justiçar a decretação da prisão preventiva para a garantia da ordem pública", conforme o magistrado.