61% das vítimas de violência doméstica atendidas pela Defensoria dizem que filhos presenciaram crime

Pesquisa ouviu 518 mulheres atendidas pelo Núcleo de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher (Nudem) de Fortaleza em 2022

Escrito por Redação ,
Vítima
Legenda: Pesquisa da Defensoria revela que 61% das mulheres vítimas de violência admitem que filhos presenciaram cenas agressivas
Foto: Shutterstock

violência doméstica é um problema grave que assola não apenas as mulheres, enquanto vítimas principais, mas também todo o seio familiar. No Ceará, levantamento da Defensoria Pública do Estado revela que 61% das vítimas de violência entrevistadas pelo órgão têm filhos que presenciaram os crimes. 

O dado é resultado de pesquisa realizada com 518 mulheres que buscaram o Núcleo de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher (Nudem) de Fortaleza, em 2022. Durante todo o ano, 8.296 procedimentos foram registrados pela pasta. 

As entrevistas visam identificar o perfil das vítimas, para constatar quem são essas mulheres, se vivenciaram situações de violência na casa dos pais, se conhecem a Lei Maria da Penha, se ainda residem com o agressor ou têm filhos com ele; quanto tempo viveu na situação de violência até a realização da denúncia; se o agressor é reincidente e pretende representá-lo criminalmente, entre outros aspectos.

Conforme o estudo, 71,04% das mulheres entrevistadas têm filhos com o agressor. Entre os que presenciam a violência sofrida pela mãe, o dano pode gerar, além do trauma psicológico, a repetição do comportamento, segundo afirma supervisora do Nudem Fortaleza, defensora Jeritza Braga.

“Isso é um dado alarmante porque o estresse psicológico com a situação pode fazer com que essa criança venha a repetir ou aceitar ser vítima de relações abusivas no futuro. Além desses números, a pesquisa revelou que 20% das mulheres ouvidas vivenciaram violência doméstica na casa dos pais quando criança ou adolescente. É um crime que atinge as futuras gerações e nos demonstra que cada vez mais todos os órgãos que compõem a rede de proteção a essa mulher precisam estar juntos para que as pessoas não tenham isso como algo comum”, pontua. 

Perfil das vítimas

Ainda conforme a Defensoria Pública do Estado, a violência pode atingir mulheres em qualquer fase da vida. Segundo o levantamento, 31,08% das vítimas que participaram da pesquisa tinham entre 26 a 35 anos; 25,29% pertenciam à faixa etária entre 36 a 45 anos; 20,27% estavam entre 18 a 25 anos; 18,34% entre 46 a 59 anos; e 4,05% acima de 60 anos.

A pesquisa revelou, ainda, que 82% das vítimas foram de mulheres pretas ou pardas, 54% eram solteiras que viviam maritalmente com seus ex-companheiros, 37,45% possuíam Ensino Médio completo, 19,4% estavam desempregadas, e 34% trabalhavam como autônoma informalmente.

Dentre as entrevistadas, 67,76% tinham renda mensal de até um salário mínimo, sendo 43,6% participantes de Programas de Transferência de Renda (bolsa família e BPC). Foi verificado, também, que 40% das vítimas já sofriam com violência há mais de seis anos, e de um agressor que já é reincidente, em 67% dos casos ouvidos.

Violência psicológica 

Úrsula Góes, psicóloga do Nudem e uma das responsáveis pelos dados, afirma que independentemente da idade, a primeira e mais frequente forma de violência é a psicológica, constatado em 88,61% dos casos ouvidos.

“Em nossos estudos, percebemos que essa é a porta de entrada para outros tipos de violência. O que começa como uma expressão de ciúme ou cuidado vai se mostrando uma relação de posse, dominação, exploração e opressão. Um dado que chama a atenção é o fato de a violência contra a mulher ser um fenômeno que tem como algoz alguém com quem a vítima tem uma relação íntima, de amor e afeto. Assim, o lugar de segurança, proteção e acolhimento é exatamente o locus da violência. Isso dificulta para as mulheres realizarem a denúncia, uma vez que elas estariam denunciando o esposo, companheiro, familiar, namorado ou pai dos próprios filhos”, disse Úrsula.

Serviço

ATENDIMENTO A MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA

JUAZEIRO DO NORTE
ONDE: avenida Padre Cícero, nº 4.455, no bairro São José (Casa da Mulher Cearense)
TELEFONE: (85) 9.8976.7750

QUIXADÁ
ONDE: rua Luiz Barbosa da Silva esquina com a rua das Crianças, no bairro Planalto Renascer (Casa da Mulher Cearense)

SOBRAL
ONDE: avenida Monsenhor Aloísio Pinho, s/n, no bairro Cidade Gerardo Cristino (Casa da Mulher Cearense)

CAUCAIA
ONDE: estrada do Garrote, nº 1.310, no bairro Cabatan
TELEFONES: (85) 3194.5068 ou 3194.5069 – 8h às 14h
E-MAIL: caucaia@defensoria.ce.def.br

MARACANAÚ
ONDE: avenida 1, nº 17, no bairro Jereissati I (Shopping Feira Center)
WHATSAPP: 85 9.8400.6261 – 9h às 15h
LIGAÇÃO: 85 3371.8356 – 9h às 15h
E-MAIL: maracanau@defensoria.ce.def.br

FORTALEZA
ONDE: rua Tabuleiro do Norte, s/n, no bairro Couto Fernandes (Casa da Mulher Brasileira)
TELEFONE: (85) 3108.2999 (24 horas)

CRATO
ONDE: rua André Cartaxo, nº 370, no Centro
TELEFONE: (88) 3695.1751 / 3695.1750

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