Camilo alinha novas medidas de combate à Covid-19 com prefeitos

Em um cenário de avanço de casos do novo coronavírus pelo interior, o governador cobrou dos gestores a intensificação das ações voltadas à atenção básica, além de medidas mais duras de isolamento social em alguns casos

Escrito por Luana Barros ,
Legenda: Além de Camilo Santana, o secretário da Saúde, Dr. Cabeto, também participou da reunião remota com prefeitos
Foto: Foto: Governo do Ceará

O interior do Ceará tem visto o avanço rápido de novos casos de Covid-19 pelos municípios. Das 184 cidades cearenses, apenas quatro ainda não tiveram casos confirmados da doença e a proporção de casos fora da Capital aumentou para 40% nesta semana.

Os números preocupam prefeitos cearenses, que estiveram reunidos nesta sexta-feira (22) com o governador Camilo Santana (PT) para tratar de medidas de enfrentamento à pandemia causada pelo novo coronavírus. No encontro, o governador reforçou a necessidade de intensificar as medidas de isolamento social, além de ter ressaltado a importância de ações na atenção primária da Saúde. O objetivo é diminuir o número de pacientes graves em decorrência da Covid-19, em um momento em que a capacidade dos leitos de Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) está quase esgotada em todo o Estado.

O governador quer também manter o diálogo com os municípios e, por meio de reuniões regionais a serem agendadas ainda, discutir com prefeitos problemas específicos de cada macrorregião do Ceará.

"Tivemos uma medida importante que foi implementada como protocolo novo, que é o trabalho da atenção primária. Muitos municípios estão fazendo (isso), mas precisamos intensificar. Isso vai nos permitir uma segurança importante para evitar o agravamento dos casos e evitar que o paciente precise de um leito hospitalar de enfermaria ou de UTI", afirmou Camilo.

Enfrentamento

O novo protocolo, desenvolvido por grupo de trabalho da Escola de Saúde Pública do Ceará, já está sendo adotado na Capital, explicou o presidente da Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece), Nilson Diniz. A atualização do documento conta, inclusive, com indicação da medicação a ser adotada em casos de pacientes atendidos na atenção primária, com quadros clínicos mais leves. "O objetivo é que a gente possa diminuir a quantidade de pacientes que possam precisar de UTI no futuro", ressaltou.

Contactada, a Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) informou apenas que o "protocolo está sendo revisado e terá uma atualização em breve", mas não deu mais detalhes sobre o documento. O protocolo é o documento que orienta sobre o manejo clínico de pacientes e os procedimentos para cada estágio de atendimento dos casos de Covid-19 no âmbito do Ceará.

Camilo Santana também reforçou outras medidas necessárias para diminuir a curva de contágio nos municípios cearenses. Dentre elas, a recomendação do decreto estadual, publicado na última quarta-feira (20), de que cidades com a taxa de incidência ou de mortalidade superior a média do Estado possam adotar "política de isolamento social rígido", a exemplo do que vem ocorrendo em Fortaleza.

Segundo Diniz, que também é prefeito de Cedro, são pelo menos 16 municípios com taxas superiores a média cearense. Entre as cidades, estão Itapipoca, Sobral, Acaraú e Coreaú. "Por isso, estamos trabalhando junto com o Conselho das Secretárias Municipais de Saúde do Ceará para operacionalizar estas medidas de enfrentamento", explicou o presidente da Aprece.

Endurecimento

"Muitos municípios estão fazendo (o que foi orientado), mas precisamos intensificar, (medidas como) a identificação da busca ativa, dos grupos de risco, com a visita de agentes comunitários", pediu Camilo. "Coloco o Estado para apoiar essas medidas no que for necessário. Também estamos recomendando aos municípios que têm pequena incidência ou ainda não tenham casos confirmados, que façam o controle com barreiras sanitárias nas entradas e saídas das cidades", complementou o governador.

A restrição de circulação de pessoas, como o bloqueio parcial do Centro das cidades e o fechamento de comércio, e a utilização obrigatória de máscaras também foram citadas durante a reunião como ações a serem adotadas. Alguns municípios já iniciaram medidas ainda mais restritivas, como é o caso de Itapipoca onde foi decretado um toque de recolher para os cidadãos. "A maior preocupação é, se a gente não conseguir deter (o avanço da pandemia pelo interior) com essas ações básicas, não ter leito para todo mundo", afirmou Nilson Diniz.

"O protocolo que deve ser utilizado ainda na atenção básica, o fortalecimento das testagens e, cada vez mais, o isolamento domiciliar são os três fundamentos que nós, prefeitos, temos para combater a Covid-19", ressaltou, por sua vez, a prefeita de Camocim, Mônica Aguiar.

Especificidades

O governador Camilo Santana sugeriu, ainda, a realização de reuniões menores, realizadas com prefeitos divididos por regiões do Estado. A Aprece, responsável por articular os encontros, quer realizar o primeiro ainda neste final de semana com os gestores das cidades da Região Norte. O motivo é que está localizado na macrorregião um município com um dos maiores índices de incidência de Covid-19 no Estado, Sobral.

"O governador se comprometeu a se reunir com os prefeitos por região e tratar cada assunto em termos de região, principalmente em relação ao aumento de leitos de UTIs, em relação a EPIs (equipamentos de proteção individual), a medicamentos", afirmou o prefeito do Crato, Zé Ailton Brasil. Um dos principais pontos que devem ser discutidos, disse ele, são novos leitos de UTI no interior, a partir da chegada de 300 novos respiradores, prevista para o final de maio.

Na reunião, Camilo Santana citou que já foram instalados 2.139 leitos exclusivos para o atendimento de pacientes com Covid-19 no Ceará. "Mesmo assim, há um percentual de ocupação chegando ao limite do sistema de saúde. Abrimos leitos de UTI em Itapipoca, Crateús, Canindé, ampliação dos hospitais regionais do Sertão Central, Região Norte, Cariri, entre outros", afirmou o governador.

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