O ministro da Justiça, André Mendonça, encaminhou ao Congresso, nesta terça-feira (11), cópia do relatório produzido pela Pasta sobre opositores do Governo Bolsonaro. O material impresso foi entregue à Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI).
A existência de um "dossiê" com informações sobre 579 servidores identificados com o movimento antifascista foi revelada pelo Portal UOL. Na última sexta-feira, o ministro da Justiça negou o termo "dossiê", afirmando que remete a algo ilegal, mas admitiu que o grupo era monitorado.
Além de 579 servidores públicos "antifascistas", a Secretaria de Operações Integradas (Seopi), do Ministério da Justiça e da Segurança Pública, monitorou o grupo extremista "300 do Brasil", formado por apoiadores de Bolsonaro.
Um relatório de inteligência foi produzido sobre os integrantes que acamparam na Esplanada dos Ministérios e ameaçaram bombardear o Supremo Tribunal Federal (STF). Na reunião com parlamentares, Mendonça citou outros relatórios de inteligência produzidos pelo Ministério em gestões anteriores, como na época da Copa do Mundo de 2014, da Olimpíada de 2016 e do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Ameaça
Segundo o ministro, o monitoramento de grupos que representem alguma ameaça à Segurança Pública é atividade rotineira. Em conversas reservadas, ele tem mencionado um episódio específico de depredação em Curitiba, atribuído a manifestantes antifascistas, para justificar que há, sim, motivos para monitorar integrantes ligados a estes grupos.
Apesar dos argumentos, Mendonça abriu sindicância para apurar se houve irregularidades no trabalho da Seopi. Em seu primeiro ato após o início da investigação interna, demitiu o chefe da Diretoria de Inteligência, o coronel Gilson Libório de Oliveira Mendes.