Vacinar não é escolha, é direito à vida

Escrito por Galbia Angélica Goiana , angelicafa7@gmail.com
Galbia Angélica Goiana é comunicadora Social e articuladora do Projeto Luz de Clara
Legenda: Galbia Angélica Goiana é comunicadora Social e articuladora do Projeto Luz de Clara

Sou uma entre as 45 milhões de pessoas com deficiência no Brasil. Contraí Poliomielite aos dez meses de idade pela falta de uma das doses da vacina Sabin, que segundo a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) deve ser aplicada a partir dos dois meses de vida, complementada com mais duas doses aos 4 e 6. E que deve ser reforçada entre os 15 e 18 meses, 4 e 5 anos.

Nessa idade eu frequentava a escola e já sabia ler, mas usava um aparelho ortopédico que me impedia de correr, sentir o vento bater no rosto. Só uma de minhas pernas foi atingida pela infecção, diante da gravidade da doença tive uma certa sorte. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), uma em cada 200 infecções leva a uma paralisia irreversível (geralmente das pernas). E entre os acometidos, 5% a 10% morrem por paralisia dos músculos respiratórios. Nenhuma criança tem que contar com a sorte para ficar com pequenas sequelas e nem para receber as vacinas, não só contra a poliomielite, mas contra todas as doenças nas quais já existe imunização. Afinal, trata-se de um direito garantido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.

Esse direito não poderá ficar à mercê de questões de crenças, de ideologias ou de posicionamentos políticos. Obedecer o calendário de vacinação e garantir a completa imunização das crianças, é uma questão de saúde pública. No Brasil a baixa adesão às vacinas ocasionou o retorno do sarampo. O vírus estava erradicado no país até 2018, e voltou a infectar pessoas, fato que também pode ocorrer com a Poliomielite.

Mesmo com a erradicação da doença aqui no Brasil desde 1990, a baixa vacinação aponta o risco da volta da doença.Segundo dados do DataSus em 2012 a cobertura vacinal contra a Poliomielite era de 96,55% , e em 2021 alcançou somente 67,71%. Viver com a sequela da pólio mudou minha vida. Tive que adaptar muita coisa para alcançar meus objetivos. Claro, que nós pessoas com deficiência podemos tudo, basta querermos e lutarmos, porém é tudo um pouco mais desafiador. Então porque não facilitar as coisas, os sonhos, a vida? Vacinando as crianças! É só uma gota e tudo pode ficar mais fácil! Extremamente fácil pra seu filho, pra você e pra todo mundo!

Galbia Angélica Goiana é comunicadora social e articuladora do Projeto Luz de Clara