“Quero falar com o gerente!”

A função do gerente, hoje, vai muito além da prontidão diante de adversidades e controvérsias

Escrito por Assis Cavalcante Júnior ,
Empresário, professor universitário, palestrante com foco em Varejo
Legenda: Empresário, professor universitário, palestrante com foco em Varejo

Por muito tempo, ouvimos o jargão que dá título ao presente artigo, representando a busca do consumidor, muitas vezes, por alguém que o ouça e lhe traga solução a um disparate comercial ocorrido. Em seguida, vemos surgir o gerente com a expressão de quem estava ocupado, mas que ali se encontra para dirimir a questão.
 
A função do gerente, hoje, vai muito além da prontidão diante de adversidades e controvérsias. Cabe a esse gestor, que desde meados dos anos 90 já conduzia ações voltadas ao cerne da administração de um negócio, habilidade para direcionar o público ao consumo de sua marca com mais lealdade, experimentando e observando tudo, desde aromas até o link gerado para compras, passando pelo atendimento “phigital” e os impactos no meio ambiente.
 
Nos últimos anos, o público consumidor, ou o mero observador, é movido por uma onda de tendências inerentes ao consumo, movido pelo despertamento de desejos, de necessidades e até de curiosidade. Refiro-me a uma onda de consumo pulverizada em meio a tantos acessos e publicidades “gratuitas” e compartilhadas, que tentam categorizar os consumidores em um ou em outro nicho, fazendo surgir a “persona” e não mais o “público-alvo”.
 
Em meio a este intenso mercado, rápido, efêmero e vulnerável, as campanhas publicitárias podem assumir dois papéis: extremistas ou medíocres. As extremistas levam o consumidor a fazer juízo e a tomar partido por marcas ou seus representantes, quase que imediatamente, gerando milhares de “likes” ou “deslikes”. As medíocres mantêm seus “seguidores” em zonas de conforto, sem muitos atrativos, mantendo ali o “status quo”.
 
E cadê o gerente, digo, cadê o gestor de vendas? Súbito ele chega. Ocorre que seu papel evoluiu de forma exponencial no caldeirão do varejo moderno. Ele aprendeu não somente a vender e/ou resolver situações no salão de vendas, mas a estar atento ao “antes” e ao “depois” da abertura de sua unidade comercial, sendo a loja física ou digital.
 
Algumas perguntas devem estar pairando sobre a sua mente. Os objetivos da minha equipe estão alinhados aos meus, e, acima de tudo, com os da empresa que represento? Os produtos ou serviços que represento estão em conformidade com aquilo que os consumidores esperam encontrar? Como faço para dispensar clientes que procuram por algo que não disponho, sem gerar antipatia por parte deles? Como encorajar minha equipe a buscar as metas mais ousadas? Como fortalecer a minha marca sem precisar desmerecer meu concorrente? Quais processos posso otimizar sem aumentar o custo da empresa?
 
Todos esses questionamentos devem orientar a boa gestão, desde que tudo esteja alinhado a uma boa estratégia de comunicação com os consumidores, assim gerando engajamento, boas experiências de compras e muitos “likes” e “compartilhamentos”, ao menor custo possível. A função de gestor de vendas, pois, exigirá preparo, determinação e muita disciplina, é desafiar-se constantemente em vista de um crescimento profissional que deve estar ordenado com a vida pessoal, de forma equilibrada. A preparação acadêmica é exigível diante dos desafios que fogem ao conhecimento empírico e que necessitam de um aprofundamento mais técnico ou científico; a troca de experiências em sala de aula produz o pensamento crítico, altamente valioso para a formação da consciência e da moral.
 
Logo, a antiga função de gerente se atualiza na perspectiva de uma função mais exigente, quando nos deparamos com demandas tangíveis e intangíveis a conduzirem o mercado, especialmente o varejista, a mares nunca dantes navegados, necessitando de comandantes preparados e conhecedores dos perigos adiante, mas também dos portos seguros que venham a surgir.