O mundo do trabalho e a sala de aula

Escrito por Agapito Machado ,
Juiz federal e professor da Unifor
Legenda: Juiz federal e professor da Unifor

O tema é objeto da Formação Docente dos professores da Universidade de Fortaleza (PDPE) e cada um forma a sua convicção, conforme sua área de trabalho.

O professor dessa nova era tecnológica, de muitos e diários avanços, não deve mais se limitar ao ensino, sob o mero aspecto teórico ( leitura das leis e da Constituição), como na área do Direito, onde os processos físicos não mais existem, eis que hoje tudo é eletrônico, sendo as audiências realizadas por vídeo conferência; acompanhamento processual realizado pelos sites das Justiças de 1º grau e dos Tribunais, sem necessidade de se deslocarem em viagens caras, demoradas e até com riscos desses deslocamentos, para diversos Estados onde o advogado têm processos em andamento.

O caminho mais importante para enfrentar a competitividade na busca pelo trabalho, é a prática do dia a dia de cada profissão e, quanto ao advogado, ele precisa saber como utilizar inúmeras senhas para acessar seus diversos processos, nas várias área da Justiça: estadual, federal,trabalhista, eleitoral, militar e perante os respectivos Tribunais de cada uma dessas áreas (Juizados Federais/ Estaduais, TJs; TRFs, TREs,, TRTs, TSE ,TST, TSM, STJ e STF).

Pelo menos na nossa área do Direito, o que vimos foram muitos advogados antigos, que só sabiam trabalhar com a máquina de datilografia e indo pessoalmente ao Fórum, com suas anotações em agendas manuais ou em pedaços de papéis, deixarem a profissão após a chegada dos computadores. A internet os afastou definitivamente da profissão.

O novo mundo na busca pelo trabalho, acabou ou reduziu muitos empregos, como é o caso dos Bancos, que hoje reduziram seus quadros a mais de 50% de bancários, o que ocorre também em outras áreas de trabalho. Algumas profissões, inclusive, perderam atratividade e a atenção da sociedade.

A CLT hoje é vista, por alguns, como instrumento quase fora de uso, diante de novas e informais profissões, algumas com alta qualificação em face da internet, onde a sobrevivência fala mais do que a exagerada proteção empregatícia. Isso, repita-se,para alguns.

Tomemos como exemplo, o trabalho recém criado dos motoristas de aplicativos, em que a grande maioria não quer a sua regulamentação, por entenderem que o intuito é mais de arrecadação de tributos, do que as suas efetivas proteções, uns sustentando que em Países de primeiro mundo, como os EUA, sequer têm aposentadoria, porque cada um, com o ganho de seu trabalho, ainda que informal, pode fazer um pequeno seguro ou pagar como autônomo sua contribuição e assim, manterem seus empregos informais para sustento de suas famílias, para não ficarem sempre na dependência de “benesses do Estado assistencial”.

É que essas empresas de UBER, segundo se comenta na internet, não querem assumir tanto encargo e até afirmam que irão deixar o País, o que acabará com essa atividade laboral

informal, em prejuízo não só dos motoristas de aplicativos, como da sociedade que, após a COVID 19, se acostumou comodamente a receber em casa os serviços que desejar.

Penso que o professor universitário deve orientar seus alunos para a realidade de que a busca por empregos exige dedicação, atualização e capacitação técnica, notadamente quanto ao aspecto da prática de cada profissão.

Os meus ilustres alunos de Direito Penal III, na UNIFOR, noite, cursando apenas o 3º semestre, são convidados a assistirem às audiências na 21ª Vara Federal, estabelecida ali no Bloco Z, nas 2ª e 4ª feiras, a partir das 13 horas, onde já presenciam as polêmicas ocorridas na atuação do Juiz, Advogado, Defensor Público e Procurador do INSS , União, Empresa Pública e Fundação Pública, oportunidade em que, entre as audiências, faculto-lhes a tirarem as dúvidas ali ocorridas, oportunidade que além desse aprendizado para seus futuros profissionais, obtêm um (1) ponto na minha disciplina, nas provas (AVs), por comparecimento a três dias audiências e ainda, por sorteio, recebem livros.