Constelação familiar: terapia alternativa do absurdo

Escrito por
Jonael Pontes producaodiario@svm.com.br

Jonael Pontes
Legenda: Jonael Pontes é sociólogo e pesquisador da UFC
Foto: Arquivo Pessoal

O ano era 1978, o autointitulado psicoterapeuta alemão Bert Hellinger, apresentava ao mundo a sua terapia alternativa “Constelação Familiar”. Sem nenhuma formação na área da Psicologia, o filósofo e ex-padre estruturava a sua tese, seguindo as leis principais, chamadas de “Ordens de Amor”. Para ele, família é o núcleo fundante do comportamento humano, existe uma hierarquia no Universo e os indivíduos têm lugares predeterminados na vida.

O cerne está na resolução de conflitos pessoais passando pela genealogia familiar, isto é, investigação de questões pessoais através da linhagem. 

O foco aqui está na ideia de hierarquia, com essa noção, os lugares a serem ocupados pelos sujeitos na dinâmica social passam por uma certa fixação. Assim há, por exemplo, papéis masculinos e femininos, ambos considerados "forças complementares”.

Com a palavra Hellinger: “O amor é geralmente bem servido quando uma mulher segue o marido na língua, na família e na cultura, e quando concorda que os filhos devem segui-lo também”, diz ele em “A Simetria Oculta do Amor”. “Isso parece bom e natural para a mulher”. 

Em relação as vítimas de abuso sexual, o absurdo é traduzido no livro “Acknowledging What Is: Conversations with Bert Hellinger”, Hellinger, afirma que vítimas de abuso sexual infantil, que posteriormente se tornam prostitutas, agem dessa maneira por nutrir amor inconsciente ao seu molestador – para carregar a culpa dele.

E estes são apenas alguns pontos questionáveis dentre as asserções defendidas pelo pai da Constelação Familiar. O espaço não dá conta de toda a polêmica contida neste embuste aclamado no Brasil como “terapia complementar”. 

Apesar de a prática não possuir reconhecimento da comunidade científica é possível encontrar de forma institucionalizada a penetração desta pseudociência em diversas esferas, inclusive, no Estado. Tanto o Sistema Único de Saúde (SUS) quanto a justiça brasileira recorrem a esta prática como forma de solucionar conflitos.

Não há reconhecimento por parte da comunidade científica e tampouco estudos que comprovem sua eficácia, apesar disso o método foi reconhecido oficialmente pelo SUS desde março de 2018 como uma prática complementar de saúde. Assim, o dinheiro público tem sido mantenedor de tais despautérios expondo vítimas a ideias que deveriam há muito terem sido expurgadas. 

Jonael Pontes
Socíólogo

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