A vida respira

Escrito por Daniel Diógenes ,

A chegada dos anos novos são sempre cheias de esperança. Findo 2020, marcado por esse turbilhão causado em nossa saúde pela pandemia da Covid-19, recebo um fio de alegria vendo os noticiários: um óvulo congelado há 27 anos é agora rebento, irrompeu todos os recordes anteriores e está em casa sendo embalado pelos pais. A chegada de Molly Everette Gibson, no dia 26 de outubro deste ano, é mesmo linda. A transferência do embrião criopreservado para o útero da mãe foi realizada em 10 de fevereiro e a pequena nasceu no estado do Tennessee, nos Estados Unidos.

São mesmo os revezes que tornam a vida possível. Ainda impactados pelo lamento dolorido da duquesa de Sussex, Meghan Markle, sobre a perda de um filho e o luto solitário das mães que passam por abortos espontâneos, a vida de Molly sorriu de forma tão impetuosa para nos mostrar quão grandioso é o ato de recomeçar. O nascimento da criança chega, ainda, como aconchego para aqueles que buscam o reconhecimento da ciência e do compromisso da medicina com as novas eras. 

O grandioso trabalho da embriologista Carol Sommerfelt, que descongelou o embrião da menina, foi possível graças ao aprofundamento incansável dos estudiosos e à dedicação dos cientistas que tentam dar fôlego à vida humana. 

Tão pequena, Molly já traz consigo a responsabilidade de bater recordes, da superação, da creditação, da resolução da curiosidade. Como especialista na área, vibrei ao ver os avanços da medicina reprodutiva realizando sonhos quase impossíveis; como pai, só pude mesmo imaginar a emoção de Tina e Ben ao acalentar a filha no colo. 

Por ser uma área relativamente nova na medicina, não custa lembrar que o congelamento de embriões é um método seguro e confiável, que possibilita ao casal preservar a saúde de seu material genético para ter seus filhos em um momento mais adiante.

Daniel Diógenes 
Especialista em medicina reprodutiva 

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