Volta do futebol no Estado Ceará não tem prazo para acontecer

Mesmo com aval do Ministério da Saúde, Ceará e Fortaleza se preparam, mas mantêm cautela sobre possível volta às atividades e reforçam que seguirão decisões do Governo, que anunciou a renovação em breve do decreto de isolamento social

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Foto: Foto: Camila Lima

A decisão do Ministério da Saúde, de adotar posicionamento favorável ao retorno do futebol, não terá efeito prático no Estado do Ceará. Ao menos nos próximos dias. Na noite da última quinta-feira (30), em resposta ao protocolo médico nacional da CBF, o órgão se disse favorável à volta dos treinos no País. Entretanto, ontem, o governador Camilo Santana (PT) afirmou que ampliará o decreto de isolamento social, o que impossibilita a volta das atividades dos clubes no Estado do Ceará.

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"Com certeza faremos a prorrogação do decreto que vence na próxima terça-feira (5) e estamos avaliando a necessidade de endurecermos as medidas aqui em Fortaleza. A situação é grave. Nesse momento, não há qualquer possibilidade, principalmente na Capital, de qualquer flexibilização do decreto de isolamento social", disse o governador.

A decisão sobre a liberação ou não das atividades futebolísticas cabe às autoridades municipais e estaduais, como informou o Ministério da Saúde em parecer.

No documento em que dá o sinal verde para o retorno de rotinas esportivas (treinos e jogos), afirmando que "o futebol é uma atividade esportiva relevante no contexto brasileiro e que sua retomada pode contribuir para as medidas de redução do deslocamento social através da teletransmissão dos jogos para domicílio", o órgão faz ressalvas, garantindo que "o Ministério da Saúde não irá contrapor uma decisão de gestor local que é quem está vivenciando o problema".

Planejamento

A decisão já era esperada pelo time do Ceará. O clube já finalizou protocolo para voltar aos treinamentos, mas não irá iniciar atividades sem aval do Governo do Estado, embora mantenha esperanças de que, a partir do dia 15 de maio, o cenário possa ser mais otimista.

"Qualquer retorno antecipado é um ato de irresponsabilidade muito grande porque pode gerar infrações e colocar em risco a saúde de atletas e funcionários. Não acredito nessa volta na primeira quinzena de maio, é quase impossível. Na segunda quinzena, só se fizer um esforço muito grande para procurar, com muito otimismo, voltar, mas não acho provável pelo momento que estamos vivendo no Brasil inteiro. E não adianta só voltar o Ceará e não os demais clubes para termos o campeonato", disse o presidente Robinson de Castro, em entrevista ao canal Fox Sports.

O posicionamento é semelhante ao do Fortaleza, que também seguirá todas as orientações da Secretaria de Saúde do Governo do Estado, mas já prepara um plano de ação. "A gente está se preparando em termos de testes, EPI's, procedimentos, protocolo interno, e os treinos deverão ser no CT Ribamar Bezerra para ter um espaço maior para os atletas e evitar a aglomeração. Independentemente de uma perspectiva de retorno em qualquer data, vamos fazer o dever de casa. Vamos comprar 150 testes a principio. Pode ser mais. O protocolo da CBF é apenas uma orientação, mas cada clube tem a sua realidade e estrutura. Por isso, vamos se certificar disso internamente também", disse o presidente tricolor, Marcelo Paz.

A reportagem entrou em contato com a Federação Cearense de Futebol (FCF), para uma resposta da entidade sobre o posicionamento do Ministério da Saúde. Porém, não obteve resposta até o fechamento desta edição. Em entrevistas anteriores, o presidente da FCF, Mauro Carmélio, sempre garantiu que a entidade seguirá as orientações da Secretaria da Saúde do Estado.