Tite começou a entrevista que concedeu após a vitória nos pênaltis do Brasil sobre o Paraguai, nesta quinta-feira (27), à sua maneira habitual, com respostas longas e frases truncadas. Quando foi questionado sobre as jogadas pelos lados do campo da seleção, viu a oportunidade perfeita para fazer uma queixa que tinha evitado fazer publicamente antes do jogo.
"Agora, posso falar. É absurdo. Absurdo", disse o treinador, separando as sílabas para falar sobre a qualidade do gramado na Arena do Grêmio, em Porto Alegre. "É absurdo, em um futebol de alto nível, ter um campo com tamanha dificuldade para jogar. O futebol de alto nível não concebe esse tipo de gramado. Não estou justificando nada. Estou falando da qualidade do espetáculo."
O campo era uma preocupação antes mesmo das quartas de final da Copa América. Messi e Suárez estiveram entre aqueles que se queixaram do terreno de jogo, o que fez Tite visitar o local na última segunda-feira (24). Ele não gostou do que viu e ficou ainda mais irritado ao retornar na terça (25) e ver que o grupo de funcionários não tinha sido reforçado.
"É inconcebível eu vir aqui, olhar o gramado e ver que tem cinco pessoas trabalhando, uma delas de folga. No dia seguinte, eram as mesmas cinco pessoas. É justo que nos cobrem acerto de passe e finalização, é um direito. O técnico tem que responder e dar a cara. Cada um tem uma responsabilidade. O atleta é cobrado por mim. Mas me deem condições de campo. Estava bravo. Ali, estava bravo", afirmou o técnico.
De acordo com o comandante verde-amarelo, os mais prejudicados foram os atletas que atuam na faixa central, com marcadores mais próximos, casos de Arthur, Philippe Coutinho e Roberto Firmino. Como "era preciso dar dois, três toques na bola" para fazer o domínio, todo o trabalho de articulação era freado.
Campo à parte, Tite disse que o triunfo nos pênaltis após empate por 0 a 0 "foi muito mais do que merecido". Com a vitória por 4 a 3 nos tiros da marca penal, o Brasil se credenciou a enfrentar Argentina ou Venezuela na próxima terça-feira (2), no Mineirão, em Belo Horizonte, onde espera encontrar um campo melhor.