Se fosse um país, Nordeste teria mais medalhas que Espanha, Argentina e Portugal

Região soma quatro medalhas de ouro e uma de prata em Tóquio. Boxeadora baiana Bia Ferreira pode garantir mais um ouro

Legenda: Até agora, Nordeste conquistou quatro medalhas de ouro para o Brasil
Foto: Divulgação

Das sete medalhas de ouro conquistas pelo Brasil nas Olimpíadas de Tóquio, até este sábado (7), quatro foram garantidas por atletas do Nordeste em esportes individuais. No quadro geral de medalhas, atualizado na tarde deste sábado (7), a região terá à frente de países como Espanha, Argentina e Portugal, por exemplo. Os espanhóis têm três medalhas de ouro, os portugueses apenas uma e os argentinos nenhuma.

Ítalo Ferreira no surfe, Ana Marcela Cunha na maratona aquática, Isaquias Queiroz na canoagem e Hebert Conceição no boxe subiram ao degrau mais alto do pódio olímpico, levando com eles a força da região. A maranhense Rayssa Leal, no skate street, aos 13 anos, é a responsável pela medalha de prata do seu estado.

O feito importante é comemorado por desportistas, ex-atletas e torcedores nas redes sociais, com manifestações de carinho e admiração a cada nova conquista. E mais medalhas estão a caminho do Brasil entre este sábado e domingo (8).

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Primeiro ouro

Foto: Divulgação/COB

A primeira medalha dourada veio das águas. O surfe estreou nos Jogos Olímpicos com vitória de Ítalo Ferreira, nordestino de Baía Formosa, no Rio Grande do Norte. Com uma carreira já vitoriosa no esporte, com título mundial em 2019, Ítalo sonhava com o ouro olímpico e subiu cada onda com a determinação de quem, pouco tempo depois, subiria no topo do pódio.

Em cada bateria, demonstrações de superioridade, com manobras rápidas nas ondas e aéreos cada vez mais altos e bem executados.

A final foi contra o japonês Kanoa Igarashi, que havia eliminado o outro brasileiro na competição, Gabriel Medina. Com a pontuação de 15.14, Ítalo Ferreira recebeu a tão esperada medalha e o tão merecido reconhecimento.

Emoção aquática

Legenda: Ana Marcela Cunha se consagra com a medalha de Ouro em Tóquio
Foto: Jonne Roriz/COB

Não faltou emoção na maratona aquática que rendeu o ouro para a atleta Ana Marcela Cunha, natural de Salvador, Bahia. Foram 10 km de braçadas no Odaiba Marine Park, com tempo de 1h59min30s08, para conquistar o primeiro lugar. Marcela se manteve no pelotão da frente desde o início da prova, alternando posições de acordo com a estratégia montada para a prova.

A definição começou a aparecer nos últimos dois quilômetros, com sutil vantagem da baiana. Nos últimos 100 metros, então, o Brasil inteiro estava tenso diante de possíveis investidas das adversárias. Mas Marcela administrou a vantagem, forçou no final e bateu em primeiro, antes de Sharon van Rouwendaal (Holanda), medalha de prata, e Kareena Lee (Austrália), medalha de bronze.

História de força

Isaquias Queiroz exibe medalha olímpica
Legenda: Isaquias Queiroz exibe medalha olímpica
Foto: AFP

Foi de Isaquias Queiroz a terceira e histórica medalha de ouro brasileira. De Ubaitaba, Bahia, para o mundo. Desde a disputa classificatória inicial do C1 1000 ficava claro que o ouro tinha dono. Isaquias não foi ao Japão a passeio. Na semifinal, destacou-se como favorito para a prova.

Dada a largada definitiva, o baiano buscou estar entre os primeiros canoístas, estabilizou a velocidade e, na reta final, em uma de suas principais características, disparou para a consagração. Deixou para trás o chinês Liu Hao, o moldávio Serghei Tarnovschi e toda a angústia vivida antes do feito.

Dedicou a medalha ao ex-treinador Jesús Morlán, vítima de um câncer no cérebro em novembro de 2018.

Da pressão ao nocaute

Hebert Conceição exibe medalha olímpica
Legenda: Hebert Conceição exibe medalha olímpica
Foto: AFP

Um dos ouros mais difíceis veio do boxe masculino, na categoria pesos médios (até 75 quilos). Hebert Conceição chegou com simplicidade em Tóquio, foi avançando nas disputas e se classificou para a final da competição, diante do complicadíssimo ucraniano Oleksabdr Khyzhniak. Saiu de Salvador, assim como Ana Marcela, para brigar pelo título.

O início do confronto foi tenso, com trocação em curta distância imposta pelo adversário. Era a estratégia adotada para manter Hebert distante. Funcionou no primeiro e no segundo assalto. Os juízes viram vantagem de 10 a 9 nos dois tempos para o ucraniano.

O terceiro round começou com a mesma intensidade, mas foi justamente em um desses movimentos para encurtar a distância que o baiano achou um cruzado de esquerda, que levou o oponente ao chão, para a intervenção do árbitro e grito de Hebert.

Encantamento

Skatista Rayssa Leal segura medalha de prata  nas Olimpíadas de Tóquio.
Legenda: Rayssa Leal garantiu a segunda medalha de prata ao Brasil no skate.
Foto: AFP

No skate street feminino, o Brasil foi prata, mas o brilho da medalha superou qualquer pedra preciosa. A gigante Rayssa Leal, aos 13 anos, foi a responsável por um dos momentos de maior encantamento no Japão. Esbanjou simpatia e precisão nos movimentos, para levar para Imperatriz, no sudoeste maranhense, o sonho de uma conquista olímpica.

Rayssa, a fadinha do skate, virou xodó do Brasil com uma técnica e um sorriso poderosos. Ela fechou a competição com a nota de 14.64, atrás da japonesa Nishiya, que alcançou um 15.26. Foi o suficiente para ser aclamada por outros atletas competidores, pela equipe brasileira de skate e por todo o País.

Participação no futebol

futebol ouro
Legenda: Brasil é bicampeão olímpico no futebol masculino em Tóquio
Foto: Divulgação/CBF

O Brasil também foi ouro no futebol masculino, com os comandados de Jardine. Entre os atletas vencedores, quatro nordestinos e titulares: Santos e Matheus Cunha, da Paraíba; Nino, de Pernambuco; e Daniel Alves, da Bahia.

A decisão foi contra os espanhóis, que impuseram dificuldades para os brasileiros. Depois de 1 a 1 no tempo regular, a vitória veio na prorrogação, com gol de Malcom. O Brasil é bicampeão no futebol olímpico. O feito marcou o 42° título do lateral direito e capitão Daniel Alves.

Esperança de ouro

A contagem de medalhas continua para o Nordeste, para o Brasil. A boxeadora baiana Bia Ferreira é a próxima a disputar uma medalha dourada. Ela faz a final olímpica na categoria peso leve contra a irlandesa Kellie Anne Harrington. Bia fez excelentes enfrentamentos até chegar à decisão e encara Harrington de igual para igual. A medalha de prata já está garantida, mas o sonho dela é dourado.

Beatriz Ferreira boxe Olimpíadas de Tóquio
Legenda: Essa foi a primeira medalha olímpica da baiana, que até aqui já tinha um ouro Pan-Americano (em Lima, no Peru, em 2019) e um título do Mundial (também em 2019)
Foto: Luis Robayo/Pool/AFP

A luta será na madrugada de sábado para domingo, às 2h (horário de Brasília). Certamente, o Brasil inteiro estará acordado para ver mais um dos seus subir no pódio e gritar: "eu venci".