A delegação brasileira paralímpica que embarcou para os Jogos de Tóquio denunciou uma situação arbitrária no Japão. Cerca de 52 pessoas, entre atletas e membros da comissão técnica, estão obrigados a ficar confinados pela organização do evento, apesar de testes negativos para Covid-19. O cearense David Andrade, representante no tênis de mesa, criticou a decisão.
"Conto com a colaboração de todo mundo no contexto geral porque os atletas estão sendo prejudicados e eu faço parte dessa lista de atletas que estão confinados no do quarto, sem poder treinar, nem fazer nada. Saímos das nossas respectivas cidades, dos centros de treinamento, para ficar trancado dentro do quarto. Todos os nossos testes deram negativo", revelou.
O grupo está proibido de treinar antes do início da Paraolimpíada, prevista para começar no próximo dia 24. A iniciativa ocorreu após uma pessoa do comitê brasileiro testar positivo no desembarque no Japão na última sexta-feira (7).
Protocolo sanitário
O protocolo sanitário dos Jogos de Tóquio orienta que as pessoas que sentarem-se no raio de duas fileiras de assentos de um infectado devem ser isoladas. Isso porque, na avaliação das autoridades, em determinados momentos houve exposição sem máscara para as refeições.
Entre os que estão isolados, ninguém poderá deixar as dependências dos quartos do hotel. O isolamento ocorre na cidade de Hamamatsu, onde os representantes do Brasil fazem aclimatação para o início da torneio. O local fica a cerca de 250 km de Tóquio. E não há atletas de outras delegações nas proximidades.
Defesa do Brasil
Em nota, o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) critica o isolamento do grupo e diz que a conduta colide com o que preconiza o "Playbook" dos Jogos de Tóquio, conforme versão enviada ao CPB em 15 julho último. "É permitido aos atletas que mantiveram 'contato próximo' treinar, igualmente em isolamento, e até mesmo competir nos Jogos de Tóquio", diz o texto.
Conforme o CPB, a prática já teria sido aplicada, por exemplo, com atletas olímpicos da África do Sul, da Rússia e da Itália durante as Olimpíadas. A entidade reitera ainda que segue na tentativa de obter a autorização de treino para os atletas para possibilitar a melhor participação brasileira no maior evento do ciclo paralímpico.
De acordo com o Comitê, os testes diários do grupo isolado estão dando negativos. Apesar disso, a decisão é mantê-los sob restrições. O restante da delegação que não está com circulação limitada pode sair normalmente de acordo.
Aproximadamente 130 representantes do Brasil já desembarcaram no Japão para a competição. São representantes da natação, tênis de mesa, goalball e halterofilismo, além de membros da comissão técnica, médica e administrativa. Ao todo, a delegação tem 431 pessoas, sendo 253 atletas representando o país em 20 modalidades.