Todos os olhos se voltam a Lisboa, em Portugal. No Estádio da Luz, o maior torneio de clubes do mundo é decidido entre Paris Saint-Germain (PSG) e Bayern de Munique, hoje, às 16 horas, na finalíssima da Liga dos Campeões. No contexto da pandemia do novo coronavírus, o torneio ganhou formato único, inédito, com toda fase final concentrada em solo português - elementos que já tornam a decisão histórica.

O duelo marca embate entre projetos milionários e também hegemônicos em França e Alemanha. Com poucos concorrentes nos respectivos países, a ambição dos torcedores requer o status de maior da Europa: o feito de vice não tem espaço.

Por isso, expectativa elevada para o confronto dos iguais em magnitude, mas distantes em modelo de jogo. Um adendo importante: o time alemão é bem maior em relevância do que os franceses.

Apenas de fundação, são 120 anos contra 50. Na galeria de troféus, cinco Champions League enquanto o PSG chega na final pela primeira vez. Aspectos para explicar o favoritismo dos Bávaros, acompanhados também do grande momento: 100% de aproveitamento nas últimas 15 exibições.

No período, um coletivo envolvente e avassalador contra os mais diversos adversários, totalizando 47 gols. À frente da locomotiva de resultados, o polonês Robert Lewandowski ostentando 15 tentos e a artilharia absoluta da competição - feitos que o tornam candidato ao posto de melhor do mundo.

Para além dos demais torneios existentes, o placar de 8 a 2 diante do Barcelona nas quartas de final da competição. Não foi apenas um vexame, mas um recado: o futebol total do Bayern quer retomar a taça após seis temporadas. E conta ainda com plantel de Neuer, Müller, Boateng, Thiago Alcântara e Gnabry. O brasileiro Coutinho ainda contempla as estrelas como reserva de luxo.

Neymar & Cia

Para o PSG, o sonhado título da Liga dos Campeões tem um preço: 1,25 bilhão de euros (R$ 8,4 bilhões). Em agosto de 2011, a Qatar Sports Investimets comprou 70% das ações do clube francês. Gastou esse valor em contratações desde então, com o objetivo maior de conquistar o principal torneio europeu. Nove anos após o início do projeto, está mais perto do que nunca.

E o símbolo máximo atende por Neymar. Campeão de tudo com o Barcelona, o brasileiro foi comprado na maior transação envolvendo um jogador de futebol em todos os tempos. Chegou com altos status em 2017 para se tornar o melhor do mundo e fazer do clube o maior.

Assim, o time francês tem em campo um protagonista. Do "tempero" brasileiro ocupado pelo ex-lateral Leonardo, como dirigente, há ainda Marquinhos e Thiago Silva como pilares defensivos do técnico alemão Tuchel.

O goleiro costarriquenho Keylor Navas, que se recupera de uma lesão na coxa, ainda é dúvida, e tem 50% de chances de jogar.

Mas o talento é a palavra-chave para romper o ineditismo. Com velocidade, dribles e muita movimentação no último terço do campo, Neymar tem a companhia de Mbappé (campeão mundial com a França, em 2018, na Rússia) e Di María (astro argentino com passagens em Real Madrid e Manchester United) para frear o poderoso e temido Bayern de Munique.

Na semifinal, o surpreendente RB Leipzig até que esboçou um domínio do jogo nos primeiros minutos. Mas pouco durou diante das investidas de Neymar, Mbappé e companhia, que logo dominaram o jogo e venceram com certa facilidade. O PSG marcou 3 a 0 e se classificou com méritos à decisão.

Mais forte que em 2013?

De um lado, o "Rekordmeister", como é conhecido o Bayern, vencedor de suas últimas 21 partidas e que busca a tríplice coroa depois de ter conquistado a Bundesliga e a Copa da Alemanha nesta temporada. Sua histórica goleada sobre o Barcelona (8 a 2) nas quartas de final fez dele o grande favorito ao título.

No papel, a temporada 2019/2020 encontra um final apoteótico, depois de vários meses de muitas incertezas. O time alemão é o favorito nas casas de apostas.

"Temos jogadores melhores em todos os níveis do que naquela época", disse Neuer, comparando o time atual com o de 2013, ano do último título europeu dos bávaros.

Os números impressionantes do Bayern, que nesta Champions League marcou mais de quatro gols por jogo, fazem dele uma máquina de vencer. O polonês Robert Lewandowski, artilheiro da competição (com 15 gols), está fazendo uma temporada (55 gols no total) que o colocaria entre os favoritos à Bola de Ouro, se a pandemia não tivesse forçado o cancelamento da cerimônia de premiação em 2020. Mas se vencer hoje, é muito provável que entre neste hall de favoritos do Fifa "The Best", que será virtual neste ano de pandemia.

O time comandado por Hansi Flick eliminou o Lyon nas semifinais (3 a 0), embora as chances que o time francês criou no início do jogo tenham mostrado falhas no esquema tático alemão, principalmente o posicionamento muito adiantado de uma equipe muito ofensiva.