A estreia diante do Athletico/PR com vários desfalques era esperança do jogo parelho para o Fortaleza na estreia do Brasileirão, no sábado (8). No começo, de fato houve igualdade, mas o Furacão garantiu o triunfo por 2 a 0 ainda na 1ª etapa através de desatenções tricolores.
O ritmo na Arena Castelão foi baixo nos primeiros 15 minutos, com os times procurando o melhor espaço para infiltrações. Com metade do time reserva em campo, Dorival Júnior montou um Athletico em um 4-3-3 com muita movimentação de Léo Cittadini centralizado, principal articulador de jogadas.
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O camisa 18 aproveitava as costas dos volantes no 4-4-2 do Leão e distribuía pelo centro aos flancos com Vitinho e Nikão. Sem pressão adversária, os visitantes passaram minutos rondando a área tricolor até um eventual erro defensivo do Fortaleza. O 4-4-2 de Rogério Ceni não era efetivo nos contragolpes e parecia fora de sincronia.
Aos 21 minutos, Jonathan cruzou pela direita e Tinga não alcançou a bola na área, sobrando para Vitinho finalizar e abrir o placar. A vantagem não mudou o cenário. O Leão do Pici permanecia apático, sem criatividade no meio e dependente de lances individuais nos extremos com David e Osvaldo.
O Furacão mantinha a posse com paciência no campo ofensivo, buscando as pontas para desorganizar a marcação central na área tricolor. Em outro vacilo de atenção, Juninho, então muito apagado, foi desarmado por trás por Mingotti. O atacante tabelou com Nikão pela direita e finalizou contra Felipe Alves. Antes de qualquer defensor alcançar, Cittadini tocou para o fundo das redes. 2 a 0 no Castelão. A entrada de Yuri César na vaga de Wellington deu novo fôlego ao meio campo, atuando centralizado e tirando a liberdade de Richard e de Cittadini para flutuar. O Fortaleza ocupava mais o campo ofensivo, negando espaços para o oponente.
Vermelho
O bom momento, porém, logo cedeu à tensão. Quintero fez falta em Nikão, que sairia de frente ao goleiro, e recebeu cartão vermelho direto aos 23 minutos da etapa final. Ceni foi obrigado a tirar Osvaldo e mandar Jackson e Marlon para ajudar na defesa. A partir daí, o Leão deu campo ao Athletico, tranquilo com a bola no ataque, explorando poucos contragolpes que o time de Dorival deixava.
Com o relógio como novo adversário, o Fortaleza não teve opções e ouviu o apito final cabisbaixo. Caso a torcida estivesse presente, o silêncio certamente seria preenchido por vaias e reclamações justas ao desempenho tão abaixo da média.
Problema nos últimos dois jogos, o setor ofensivo tricolor de novo foi ineficiente. Felipe e Juninho não são capazes de quebrar as linhas de marcação e achar as brechas para Osvaldo ou David, bem abaixo também.
Falta ousadia no terço final e, acima de tudo, movimentação para atrair a marcação e abrir espaços na defesa oponente. O reforço do argentino Franco Fragapane pode suprir essa deficiência na 2ª etapa, mas não é solução para um time que mal tem chegado perto do gol através da bola no chão.
Irreconhecível
A bola parada antes era ponto forte da equipe de Ceni, mas agora virou preocupação, com uma zaga lenta, sem antecipação aérea ou no solo.
Diante do São Paulo, o teste para a defesa será ainda maior. Se contra um Athletico desfalcado o sofrimento foi tão grande, o Tricolor paulista reserva movimentação ainda maior.
O Leão decepcionou na estreia na Série A, assim como em 2019, quando levou 4 a 0 do Palmeiras. O Tricolor cearense se remontou ao longo das rodadas e viu seu desempenho subir. É de se esperar que, neste ano, algo semelhante ocorra. Mas certamente este não é o Fortaleza que a torcida queria ver na rodada inicial da Série A.